Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Calendário de Feiras e Mercados Medievais 2014

Algumas das feiras mais populares em Portugal não são exclusivamente medievais, e retratam por vezes também outros períodos da história. Em 2014 serão dezenas de diferentes Feiras Medievais ou Históricas a acontecer em Portugal.


Março

  • 14 a 16 - Feira Medieval de Torre de Moncorvo
  • 21 a 23 - Arzila Medieval
  • 28 a 30 - Mercado Medieval de Santarém

Abril

  • 3 a 6 - Feira Medieval de Évora
  • 4 a 6 - Feira Medieval de Fronteira (Portalegre); Feira Quinhentista e Entrega do Foral (Aveiro),
  • 11 a 13 - Mercado Medieval de Vila do Conde
  • 12 e 13 - Mercado Medieval de Pombal
  • 13 - Mercado Romano do Rabaçal (Coimbra)
  • 17 a 20 - Feira Medieval da Figueira da Foz
  • 18 e 19 - On Troia Mercado Romano
  • 18 a 21 - Mercado Nazareno de Santo Tirso
  • 26 e 27 - Feira Medieval Sefardita de Castelo Mendo (Guarda)
  • 27 - Entrega do Foral Manuelino de Tábua (Coimbra)

Maio

  • 3 e 4 - Mercado Quinhentista Alcachafe (Mangualde); Portucale Fidelis (Santarém)
  • 9 a 11 - Feira Medieval de Avis (Portalegre)
  • 15 a 18 - Feira Medieval de Póvoa de Lanhoso
  • 16 a 18 - Feira Quinhentista de Almodovar (Beja)
  • 17 - Feira Medieval de Estremoz (Évora)
  • 21 a 25 - Braga Romana
  • 22 a 25 - Feira Templária em Tomar
  • 24 e 25 - Feira Medieval de Penela (Coimbra)
  • 29 a 31 - Alhos Vedros Medieval (Setúbal); Feira Medieval de Barcelos
  • 30 e 31 - Feira Medieval de Moreira da Maia, Mercado Romano (Porto)

Junho

  • 1 - Alhos Vedros Medieval (Setúbal); Feira Medieval de Moreira da Maia; Mercado Romano (Porto)
  • 5 a 8 - Feira Medieval de Torres Novas
  • 6 a 8 - Feira Medieval de Vilar de Andorinho (Gaia)
  • 6 a 9 - Vizela Romana
  • 7 a 10 - Feira Medieval de Monte Real (Leiria)
  • 7 e 8 - Mercado Setecentista de Arruda dos Vinhos (Lisboa)
  • 11 a 15 - Feira Medieval de Lamego
  • 20 a 22 - Feira Medieval de Linda-a-Velha
  • 21 e 22 - Feira Medieval de Belver (Portalegre)
  • 27 a 29 - Feira Feira à Moda Antiga de Amarante

Julho

  • 4 a 6 - Feira Medieval de Penedono (Viseu)
  • 10 a 13, 17 a 20, 24 a 27 e 31 - Mercado Medieval de Óbidos
  • 18 a 20 - Galaicofolia de Esposende
  • 23 a 26 - Feira Medieval de Caminha
  • 31 - Viagem Medieval em Terra de Santa Maria da Feira

Agosto

  • 1 a 10 de agosto - Viagem Medieval em Terra de Santa Maria da Feira
  • 1 a 3 - Feira Medieval de Óbidos; Feira Quinhentista da Ribeira Grande (Ponta Delgada)
  • 2 e 3 - Feira Medieval de Arcozelo (Viana do Castelo)
  • 8 a 10 - Feira Medieval de Castelo do Neiva (Viana do Castelo)
  • 8 a 17 - Feira Medieval de Silves
  • 13 a 17 - Feira Medieval de Aljubarrota
  • 14 a 17 - Feira Medieval de Belmonte (Castelo Branco)
  • 21 a 24 - Festa da História (Vila Nova de Cerveira)
  • 29 a 31 - Mercado Medieval da Póvoa do Varzim

Setembro

  • 4 a 7 - Feira Medieval de Castelo de Vide (Portalegre)
  • 5 a 7 - Mercado Pombalino de S. João da Pesqueira (Viseu)
  • 6 e 7 - Feira Medieval de Portel (Évora)
  • 11 a 14 - Feira Medieval do Porto
  • 19 a 21 - Alvalade Medieval (Setúbal)
  • 20 e 21 - Feira Afonsina de Guimarães

Feiras Medievais em Portugal

Distribuídas normalmente no calendário entre os meses de março e dezembro, as Feiras Medievais e Históricas retratam histórias, artes e ofícios das populações na idade média, e permitem apreciar tradições recriadas, com maior ou menor precisão, de uma forma muito visual e atrativa. É comum as feiras medievais recriarem eventos históricos de relevo em Portugal.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Canto da Maia


Ernesto do Canto Faria e Maia (Ponta Delgada, 15 de Maio de 1890 — Ponta Delgada, 5 de Abril de 1981 (90 anos)), mais conhecido pelo nome artístico de Canto da Maia ou Canto da Maya, foi um escultor açoriano que conseguiu grande projecção nacional e internacional como introdutor do modernismo figurativo e como cultor das artes decorativas, com destaque para as figurinhas em terracota e o gesso pintado. Foi inicialmente um cultor da Art Déco, enveredando depois por um academismo nacionalista, embora com traços de modernismo, passando a assinar como Canto da Maya e dedicando-se a obras de cunho marcadamente ideológico, influenciadas pela deificação dos heróis da gesta colonial promovida pelo Estado Novo.



Fátima segundo Pessoa


A arca pessoana continua a surpreender. Entre versos e fragmentos, os especialistas têm encontrado uma míriade de escritos que revelam um poeta atento à sua época. Muito desses textos eram projecto de livros e de artigos que, no entanto, ficaram por publicar.

O volume "Fernando Pessoa: O Guardador de Papéis" organizado por Jerónimo Pizarro e editado pela Texto Editora, nas livrarias a 24 de Junho, revela algumas dessas facetas desconhecidas, reunindo as intervenções do colóquio homónimo organizado pela Casa Fernando Pessoa. Entre as mais surpreendentes está a posição do poeta em relação às aparições de Fátima. O historiador José Barreto recolheu vários textos, alguns deles inéditos, como este que aqui antecipamos, pensado para o Diário de Lisboa. É um olhar irónico sobre uma realidade que já na altura arrastava multidões e, nas palavras de Fernando Pessoa, vários negócios.

Fátima é o nome de uma taberna de Lisboa onde às vezes... eu bebia aguardente. Um momento... Não é nada disso... fui levado pela emoção mais que pelo pensamento, e é com o pensamento que desejo escrever. Fátima é o nome de um lugar da província, não sei onde ao certo, perto de um outro lugar do qual tenho a mesma ignorância geográfica mas que se chama Cova de qualquer santa. Nesse lugar -- em um ou no outro-- ou perto de qualquer deles, ou de ambos, viram um dia umas crianças aparecer Nossa Senhora, o que é, como toda a gente sabe, um dos privilégios infinitos a que se não parte a corda.

(...) e assim como passou a haver "liberdades" em vez de "liberdade", assim também passou a haver crenças em vez de crença, fés em vez de fé, e vários outros plurais ainda mais singulares.

(...) Seja como for, o facto é que há em Portugal um lugar que pode concorrer e vantajosamente com Lourdes. Há curas maravilhosas, a preços muito em conta; há peregrinações que dispensam o combóio (criação do estúpido etc!).

(...) O negócio da religião a retalho, no que diz respeito à Loja de Fátima, tem tomado grande incremento, com manifesto extase místico da parte dos hoteis, estalagens e outro comércio desses jeitos--o que, aliás,está plenamente de acordo com o Evangelho, cuidando-se de bens materiais,"Buscai-vos o Reino de Deus e todas essas coisas vos serão acrescentadas".

Fernando Pessoa Jornal de Letras nº 1010 de 17-30 de Junho de 2009