Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Máscaras tradicionais num "Halloween" transmontano em Vinhai

A pequena aldeia do concelho de Vinhais, no distrito de Bragança, tornou-se local de romaria para a festa que pretende marcar a "noite das bruxas", mas com rituais e disfarces bem diferentes do 'Halloween' americano.
No evento que reclama reatar tradicionais ancestrais, este ano estão em destaque as típicas máscaras de madeira e lata, emblemas sobretudo dos conhecidos "Caretos", os mascarados que animam as festas de inverno no Nordeste Transmontano.
A Câmara Municipal de Vinhais associou-se à iniciativa e durante três dias, entre 31 de outubro e 02 de novembro, organiza o 1.º Simpósio Internacional de Máscaras Artesanais, no Centro Cultural da vila, onde estará também patente uma exposição de pintura da autoria de Balbina Mendes, intitulada "Máscaras Rituais do Douro e Trás-os-Montes".
Na noite do dia 31 de outubro, ainda no Centro Cultural de Vinhais, há música com um concerto de Las Çarandas. E na noite de 02 de novembro, a ESTE -- Estação Teatral, leva ao palco a peça "Eles tapam a cara com máscaras de lata e de madeira".
O programa da Festa da Cabra e do Canhoto de Cidões foi hoje apresentado, em Vinhais, e, como indicou Luís Castanheira, um dos promotores, mais uma vez se assinalará "o fecho da estação clara e a entrada na estação escura" com uma tradição ancestral de origem celta.
A organização do evento está a cargo de pessoas com raízes na aldeia de Cidões, mas a maior parte a residir fora, nomeadamente nos centros urbanos mais próximos como Bragança.
"Quem da cabra comer e ao canho se aquecer, um ano de sorte vai ter" - esta continua a ser a crença que sustenta a fé e a dedicação com que, ano após ano, se repete esta festa num "cenário místico e até, em alguns momentos, terrorífico".
A aldeia vai estar toda iluminada com tochas e decorada.
A organização veste indumentária própria, representando druidas, deusas, plebeus, bailarinas, o diabo, e outras figuras que contribuem para animar a noite.
A fogueira fica acesa para, no final da noite, queimar o Cabrão ou Bode, construído por alunos e professores da Escola Secundária de Vinhais.
Manda a tradição que os rapazes da localidade roubem a lenha pelas serras e a carreguem num carro de bois até ao centro da aldeia para a fogueira gigantesca, onde se coloca um enorme canhoto (tronco de madeira), que simboliza o diabo.
"Toda a gente deve dar duas voltas à fogueira para afastar os azares e a má sorte", explicou aquele elemento.
Na mesma fogueira é cozinhada, em potes de ferro, a "cabra machorra" (infértil) e que serve de repasto a todos os presentes, regado com o "Ulhaque", uma bebida tradicional à base de aguardente e ervas.
"É uma festa mística única que marca a abertura das festas de inverno em toda a região", segundo Roberto Afonso, vereador da Câmara Municipal de Vinhais.
Fonte: Porto Canal