Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Torque


O torque é um grande e rígido colar em forma de ferradura, normalmente feito de metais retorcidos juntos, como o ouro, o bronze e a prata. A grande maioria tinha uma abertura na frente, enquanto outros eram feitos de maneira a serem usados permanentemente. Torques menores eram também usados em torno do pulso como pulseiras, no ombro e até mesmo nos seios das grandes guerreiras celtas.


O Torque foi uma importante peça da arte celta, largamente usado desde 1200 aC até 600 dC, inclusive pelos romanos depois da dominação de grandes áreas, que até então eram dominados pelos diversos povos celtas.

O torque inicialmente era um símbolo de nobreza e de status social elevado, também de força e poder. Com o tempo, nas esculturas e nas pinturas, os torques tornaram-se um meio de identificar uma figura como sendo celta ou pertencente a um grupo celta. Por exemplo, o “Gaulês Agonizante”, uma cópia romana em mármore de uma escultura helenística do século III aC., famosa por representar um guerreiro celta,
Os torque também era um adorno presente em grande parte das representações das divindades celtas. O deus Cernunnos é retratado no caldeirão de Gundestrup usando um torque ao redor de seu pescoço enquanto segura outro com uma de suas mãos.O tesouro é composto de 150 fragmentos de torque feitos de ouro, entre eles foram encontrados 70 torques em perfeito estado datados de 70 aC. Embora as origens sejam desconhecidas, a alta qualidade do achado indicam que pertenceram ao tesouro real dos Icenis, um dos grandes povos celtas que dominaram essa região na antiguidade.

A área em torno da vila de Vix, no norte da Borgonha, França é o local de um importante complexo pré-histórico da arte celta do período final de Hallstatt e os primeiros períodos de La Tène, que compreende um importante povoado fortificado e vários túmulos. Entre eles a Tumba de Vix, também conhecido como o túmulo da Dama de Vix, de cerca de 500 AC. Sua sepultura nunca havia sido saqueada e continha extraordinárias oferendas, conhecida como Trésor de Vix, incluindo uma grande quantidade de jóias e o krater Vix, o maior vaso de metal da antiguidade, tendo 1,63 m

Entre as jóias encontraram um torc de 480 gramas de ouro 24 quilates, um torque de bronze, seis fíbulas, seis pulseiras de ardósia, além de sete pulseira feitas de esferas de âmbar.

As jóias em ouro e prata faziam também parte dos adornos masculinos e femininos dos lusitanos, tendo sido encontrados em diversos lugares da região de entre Tejo e Douro.

Para saber mais: 



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Caetra


A caetra era um pequeno escudo de dois pés de diâmetro que se manejava com a mão esquerda, era feito de madeira, couro, nervos trançados, bronze ou ferro, ficava suspenso por correias que eram manejadas habilmente para se defenderem dos dardos. Era decorado com o desenho de um labirinto, que se supõe ter sido um símbolo ou emblema étnico de reconhecimento entre os lusitanos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

QUANGEIO, QUANGEIUS e/ou KUANIKIO


Deus criador, da fertilidade, dos campos e protector dos animais. É o terceiro Deus mais importante dos Lusitanos.



Apesar de nenhum dos estudos efectuados sugerirem a natureza e/ou actuação da divindade. Esta é uma das divindades Galaico – Lusitanas que possuem mais registos votivos. 


Instrumentos musicais populares portugueses


Os instrumentos musicais populares portugueses pertencem à tradição organológica europeia. Para a sua descrição, de acordo com a classificação de C. Sachs e Hornbostel, todas as espécies existentes estão agrupadas em quatro categorias, conforme a natureza do elemento vibratório.

Membranofones

Adufe
Os tambores portugueses são de um tipo comum. Bimembranofones de caixa de ressonância cilíndrica, e de peles tensas por meio de cordas ou parafusos que apoiados em aros esticam uniformemente as duas peles.

Bombos - Podem ter até cerca de 80 cm de diâmetro. São tocados na vertical, geralmente só numa das peles com uma masseta. Não têm bordões nas peles o que lhes dá uma sonoridade profunda e são mais tocados no Centro.

Adufe - Bimembranofone de forma quadrangular. As peles são cosidas entre si e no seu interior são colocadas sementes, grãos de milho ou pequenas soalhas, a fim de enriquecer a sonoridade.

Caixa e Tamboril - A Caixa é tocada com duas baquetas em posição horizontal. Sobre a pele inferior tem geralmente um ou mais bordões, geralmente feitos de tripa. O tamboril caracteriza-se pelo fuste cilíndrico alongado e pela existência de bordões em ambas as peles. É tocado juntamente com flauta e percutido por uma só baqueta.

Sarronca - É um membranofone de fricção composto de um reservatório, geralmente uma bilha, que serve de caixa de ressonância, cuja boca é tapada com uma pele esticada que vibra quando se fricciona um pequeno pau ou cana preso por uma das pontas no seu centro.

Cordofones

Viola da terra ou de arame
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é uma corda ou mais cordas esticadas.

Viola Toeira - Também conhecida por viola de Coimbra, região onde durante muito tempo animou festas e romarias, a viola toeira é uma das 6 violas tradicionais portuguesas. É hoje uma espécie já completamente extinta, semelhante à viola braguesa em dimensões. Tem a abertura central sempre em forma oval deitada. No entanto, tem doze cordas, organizadas também em cinco ordens, sendo as três primeiras duplas e as duas últimas triplas. A viola Toeira é uma viola de arame.

Viola de Arame - São semelhantes à viola braguesa, mas de boca redonda na Madeira, e nos Açores com duas formas distintas. A de tipo micaelense com a boca em forma de dois corações, e a terceirense com a boca redonda.

Braguinha - É um tipo de cavaquinho da ilha da Madeira. É tocado de rasgado pelos grupos de bailhos que existem em algumas zonas rurais da ilha. Na cidade do Funchal aparecia integrado em tunas, dedilhado com uma palheta. Este instrumento terá sido levado para o Hawai nos fins do século passado por emigrantes madeirenses tornando-se aí um instrumento muito popular com o nome de Ukulele. Enquanto alguns dizem ser originário de Braga (cidade), o autor do Elucidário Madeirense afirma que o seu nome advém dos antigos trajes, denominados bragas que, outrora, eram usados pelos camponeses do sexo masculino do arquipélago Madeira. O seu som saltitante e alegre distingue-se dos demais instrumentos de cordas tradicionais/ populares da Madeira e Porto Santo. Instrumento de solo, (cantante ou ponteado, como vulgarmente é denominado pelo nosso povo) alegre e gracioso foi, em outros tempos, de grande estima das damas e donzelas madeirenses.

Viola Campaniça - É a maior das violas portuguesas. De enfranque muito pronunciado, tem também cinco ordens de cordas. As três primeiras duplas e as duas últimas triplas. É tocada de dedilho apenas com o dedo polegar.

Viola Braguesa - Com 5 ordens de cordas duplas metálicas. Tem a abertura central em forma de boca de raia. É tocada de rasgado, isto é, correndo todas as cordas ao mesmo tempo, ora com cinco dedos todos juntos, ou só com o polegar e o indicador. Mas os bons tocadores, ao mesmo tempo que tocam de rasgado, destacam sobre as primeiras cordas, mais agudas, a linha do canto.

Viola Amarantina - É muito semelhante à viola braguesa, tendo no entanto a boca em forma de dois corações.

Viola Beiroa - É um instrumento muito ornamentado. Além das cinco ordens de cordas, tem duas cordas mais agudas e presas a um cravelhal suplementar junto da caixa, e que eram sempre tocadas sem serem pisadas.

Cavaquinho - Da família da viola, mas de forma muito mais reduzida. Tem quatro ordens de cordas simples. Toca-se de rasgado.
Rabeca Chuleira - Espécie de violino, mas de braço muito curto e escala muito aguda, afinando urna oitava acima do violino.

Guitarra Portuguesa - A guitarra portuguesa é um instrumento de grande importância na música tradicional de Portugal. De corpo piriforme tem seis ordens duplas, é tocado com uma técnica especial em que o tocador usa unhas postiças para poder tirar melhor sonoridade do instrumento.

Violão - Com seis ordens de cordas simples serve de acompanhamento à guitarra portuguesa ou à viola nos grupos das rusgas e chulas minhotas.

Idiofones


Juntamente com os instrumentos mais importantes existem outros, geralmente idiofones que têm funções diversas, e que segundo Ernesto Veiga de Oliveira são divididos nas seguintes categorias:

- Instrumentos para marcar o ritmo e acompanhar a dança:
Castanholas, Ferrinhos, Bilha com Abano, Reque-reque

- Instrumentos da Semana Santa, Carnaval, Serração da Velha, etc:
Matracas, Zaclitracs

- Instrumentos próprios de certas profissões e modos de vida, para avisar por exemplo o começo de determinados trabalhos:
Gaita de Amolador, Cornetas, Assobios de Caça, Cornos, Búzios

- Instrumentos de passatempo individual:
Ocarina, Harmónica de Boca, Gaitas de Palhas

Aerofones

Gaita de fole galega
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é o ar accionado de modo especial pelo instrumento.

Gaita de Fole - É um aerofone composto por dois tubos ligados a um saco feito de pele de cabrito. Um dos tubos é cilíndrico e composto por três secções tendo na extremidade uma palheta simples de cana, produzindo sempre a mesma nota. É o chamado bordão ou roncão. O outro tubo mais pequeno é de secção cónica com oito orifícios, de palheta dupla e toca a melodia. O fole cheio de ar através de um outro pequeno tubo munido de uma válvula, é pressionado pelo braço o tocador, obrigando o ar a sair, pondo as palhetas a vibrar.

Palheta - É um instrumento de palheta dupla, tipo oboé. O tubo melódico tem cinco orifícios, e termina em forma de campanula.

Flauta - Existem três tipos de flautas: a) as de tamborileiro, que são de bisel, com corpo cilíndrico ou ligeiramente cónico e com três furos. São executadas simultaneamente com um tambor, conhecido vulgarmente por tamboril; b) a flauta de bisel, geralmente feita de cana e sabugueiro. É usada no Minho e no Douro. e Algarve, c) a flauta travessa geralmente feita de cana na faixa ocidental do país no Minho, Estremadura e Algarve, e de sabugueiro no interior, nomeadamente na Beira Baixa. Tem seis furos além do insuflador. No Entre-Douro-e-Minho, ocasionalmente surgem exemplares construídos em buxo torneado e desmontáveis em três peças, similares às de construção galega.

Concertina - É um aerofone de palhetas livres que são accionadas por meio de um fole que une os dois teclados (um do lado direito com 1,2ou 3 carreiras e um do lado esquerdo geralmente com 2 carreiras).


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Máscara em cortiça de Salsas



 Fotografada para o livro "Máscaras em Portugal".

Dia dos namorados . Dia de S.Valentim



Saiba que Dia dos Namorados foi inventado pela Igreja Católica para acabar com uma antiga festa pagã?
Embora hoje em dia seja uma das celebrações mais consumistas e com mais benefícios para muitas lojas, mas Dia de São Valentim, como sinónimo de Dia dos Namorados começou a ser celebrado quinze séculos atrás, especificamente no ano de 494 dC, sendo auspiciado pelo Papa Gelásio I , que deu o passo de realizar um feriado católico em 14 de Fevereiro, a fim de eliminar e proibir a festa pagã de Lupercalia que era comemorada na Roma antiga a cada 15 de Fevereiro, em honra Lupercus, protector dos pastores e seus rebanhos e como um tributo ao lobo que amamentou os gémeos Rômulo e Remo (destinados a fundar Roma de acordo com lendas antigas).
Desde o século IV se foram eliminando gradualmente todas as celebrações pagãs, sendo substituídas ou convertidas noutras de carácter religiosos.
Gelásio I necessitaria sobrepor outra festa á celebração de Lupercalia, por isso escolheu o Santo que calhava um dia antes e que havia (supostamente) vivido dois séculos antes: 'São Velentim'.
Não, era claro quem era esse santo que veio para preencher este feriado importante pagã, mas em torno dele foram criadas inúmeras lendas (a maioria desmentidas no curso dos séculos), indicando que Valentim era um médico romano que decidiu tornar-se cristão e ordenar-se sacerdote, e como tal oficiou como um elevado número de casamentos entre jovens amantes. O problema era que, naquela época (ano 270 dC), os soldados não podiam casar-se, mas muitos eram aqueles que queriam fazer para se juntar a seus entes queridos. De acordo com a lenda, o imperador romano Claudius II descobriu que ele o estava fazendo e pediu que executassem Valentim, tornando-se um mártir religioso e referência para todos os amantes.
Pelo menos esta é a história que espalhou a Igreja Católica para instaurar, a partir do ano 494 dC, a celebração do Dia dos namorados na festividade de São Valentim, e assim apagar de vez com a festa pagã de Lupercalia .
E como festa religiosa foi celebrada ao longo dos próximos quinze séculos (até 1969), o ano em que o pontificado de Paulo VI Igreja Católica decidiu retirar São Valentim como festival de calendário pós-conciliar (acordado no Vaticano II) passando a ser esta data com santo mas sem celebração.
Mas então naquela época o marketing de São Valentim como a data do Dia dos Namorados já estava totalmente introduzida na sociedade de consumo.
Como nota curiosa, indicam que o primeiro registo que existe na comercialização desta data está apontado para a americana Esther A. Howland como precursora de venda de cartões de presente com padrões românticos e desenhos de amantes concebidos e realizados em meados da década de 1840, vendendo por tostões na livraria administrada por seu pai em Worcester (Massachusetts) e que se tornou um sucesso.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Bandua

Bandua era um termo usado para fazer referência a uma deusa ou deus cujo culto ocorria na Ibéria por galaicos e lusitanos. Se o nome se refere a uma divindade específica ou foi um epíteto aplicado a várias deidades diferentes é algo questionável. Seria uma das principais Divindades da Lusitânia, amplamente venerada por  Galaicos e por Lusitanos, seria uma Força Bélica protectora do grupo, dos clãs, ou de um corpo de guerreiros de elite.

Pátera dedicada a Bandua
A pátera dedicada a este deus, na qual aparece o nome BAND ARAUGEL e ao meio tem uma figura aparentemente feminina e quatro altares, três deles acesos. Gera um grande quebra-cabeças, porque a imagem parece de facto feminina, mas Bandua parece ser do género masculino. Diversos autores têm-se debruçado sobre isto, argumentando uns que haveria um Bandu e uma Bandua, outros que a imagem feminina não representa Bandua mas sim uma adoradora de Bandua (porque os Lusitanos eventualmente não usariam imagens de Deuses), outros ainda dizem que a figura é de género indefinido e que isso expressa o carácter puramente abstracto de Bandua, que não teria género sexual. Mas há mais... Pode ter-se aí tratado de uma maneira romana de expressar a natureza de uma Divindade que não compreendiam e como Bandua seria em primeiro lugar uma força protectora do Povo, e do castro, acharam que Bandua seria equivalente à latina Fortuna, que é a grega Tyche, Divindades protectoras, daí a torre na cabeça que se pode ver na imagem.

Uma peça em marfim que foi encontrada num acampamento romano na Galiza e que pode representar o Deus Bandua, por ter uma espécie de cordas ao peito, que seriam alusão à capacidade de prender que Bandua teria.
A banda de folk/black metal, Azagatel, tem um tema dedicado a este deus, o qual se pode encontrar no seu excelente trabalho Lux-Citanea. Para saber mais clique aqui.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Parabéns Lusitaniae Castrum

11000 visitas no blog e 100 gostos no Facebook são motivos mais que suficientes para celebrar:



PARABÉNS LUSITANIAE CASTRUM 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Bruxa de Évora

A feiticeira ou bruxa de Évora é uma das personagens mais populares e misteriosas do folclore português e das lendas de magia, especialmente na esfera da cultura popular. Sua biografia é dispersa, incerta, cheia de contradições. Até onde conduzem as pesquisas, não pode ser considerada figura histórica; no entanto, a sua fama é o suficiente para a considerar como um arquétipo mítico de um certo tipo de bruxa, de feiticeira.
São três as versões existentes, diferentes entre si, para a referida bruxa. Sendo a última a mais completa e mais bem documentada. No entanto se prestar bem atenção, verá que todas elas se tocam em vários pontos, podendo mesmo ser três versões de uma só história.


1ª Versão
Nanaime, a bruxa que habitou Évora



Évora foi um dos corpos habitados por Nanaime. Este nome ficou conhecido por se tratar da cidade onde ela viveu, entre 1700 e 1800.

Tratava-se de uma bela mulher, conhecedora da magia, alquimista da natureza. Embora temida, era muito requisitada por sua fama de resolver as aflições de todos. Usando ervas, flores, realizava banhos, feitiços, amarrações, sempre no intuito de ofertar cura, sucesso e protecção, na vida e no amor. Famosa por resolver tantas questões amorosas, foi justamente o amor que trouxe o seu fim.

O desejo de Nanaime era o de se unir a um semideus para garantir a eternidade de sua prole. E, assim ela o fez, apaixonou-se por um semideus, contudo, ela não conseguia engravidar. Como seu esposo viajava desbravando mares longínquos, ela decidiu retirar uma amostra de seu sangue para ofertar a uma deidade, a fim de conseguir o filho tão sonhado. A magia faz com que ela engravide durante a ausência do marido que ao retornar a condenou à morte por adultério. Ele a mata, esquarteja seu corpo em muitas partes e o  lança ao mar. Até completar a idade de 14 anos, a sua filha é banida e depois morta e enterrada aos pés de uma sagrada árvore, para que a sua alma ficasse ali retida.


2ª Versão
A Moura



A Bruxa de Évora era uma moura, criada na Ibéria, falava bem o árabe, o português e o latim. Foi criada por umas velhas tias que lhe ensinaram as artes mágicas, dando-lhe como talismãs sete moedas de ouro do califa Omir, uma pedra ágata com inscrições árabes e uma chapa de prata com o nome do profeta.

A bruxa era chamada de Moura Torta, usava trapos, mas no seu peito brilhava um amuleto de âmbar. Ela lia o Alcorão e escrevia, sabia matemática, e olhando o céu reconhecia as estrelas, lia a sorte nas areias, nas estrelas e fazia feitiços e curas. Conhecia a magia dos seus ancestrais muçulmanos, mas vivendo no século XIII, também sabia a dos celtas.

A bruxa voava montada em cães, lobos, camelos, carneiros e em vassouras, mas sempre era vista voando no seu bode preto. O bode sempre foi um animal de feiticeiros, talvez por ser muito sensual; sugere pactos com demónios, feiticeiras, seres parte homem e parte animal, força de grande magia. O bode da era pagã emprestou sua forma para o diabo. As bruxas também eram companheiras dos dragões, deram a eles muitos nomes: o terrível, o magnífico, o senhor do mundo, o guardião.

Há muitos demónios companheiros fiéis da bruxa de Évora, os principais são: Abalan (príncipe dos infernos), Abigor (demónio de hierarquia superior), Abrahel (súcubo), Asmodeu (um dos chefes), Adramelech (grande chanceler do inferno), Hecate (deusa infernal), Lúcifer (o maioral), Marbas (presidente infernal), Rowe, (conde infernal), Satã (rei dos infernos) e inúmeros outros.

A Bruxa de Évora tinha um gato preto chamado Lusbel. Apesar de a temerem, os alentejanos buscavam os poderes dessa bruxa: feitiços, sortilégios, banhos, amarração, conjuros, etc..., com a finalidade de obter cura, protecção e sucesso no amor e na vida.


3ª Versão
A Bruxa de Évora e São Cipriano



É difícil até mesmo determinar a época em que viveu. A maioria dos textos/livros sobre uma Bruxa de Évora afirma que ela viveu no século... Outros, dizem que viveu em meados da Idade Média. Todavia, um único de texto de referência permite supor que, na verdade, essa Bruxa é mais antiga, e que poderia perfeitamente ter vivido em pleno século III d.C.

Mítica, é possível que a primeira bruxa de Évora tenha sido tão poderosa e influente que seu nome tornou-se sinónimo para praticantes da bruxaria que vieram muito depois e também fizeram fama desde o antigo oriente Médio, Ásia Menor. Uma ideia de bruxa que alcançou não somente a Península Ibérica mas também toda a região costeira do Mar Mediterrâneo, os Balcãs, as ilhas do mar Mediterrâneo: ao longo de séculos, a expressão "Bruxa de Évora", tornou-se algo como um título.

As pesquisas sobre esta feiticeira indicam que boa parte de sua fama nasce junto com a fama de um outro mago negro controverso: CIPRIANO DE ANTIOQUIA que viveu no século III da Era cristã (anos 200). Este, depois de uma vida dedicada à magia negra, converteu-se ao Cristianismo e foi até canonizado passando fazer parte da história Cristã como São Cipriano.

Segundo as lendas, pois as biografias desses personagens não têm registros históricos precisos, o nome "Bruxa de Évora" [ou Bruxa de Yeborath – Iebora, em árabe يعبرهsignificando Cruzado, cruzamento, encruzilhada] aparece pela primeira vez, no contexto do estudo da História da Bruxaria, ligado ao nome do Santo feiticeiro. Ela teria sido uma das mestras do mago e ele, seu discípulo mais prestigiado, herdeiro de seus feitiços.

Porém, esse encontro NÃO ACONTECEU na península Ibérica, como sugere o termo designativo, distintivo da Bruxa, Évora que é uma cidade histórica de Portugal.
Segundo a biografia do feiticeiro Cipriano, seu encontro com a Bruxa aconteceu na Mesopotâmia, na Babilónia, [actual Iraque] onde se reuniam os ocultistas que estudavam a magia dos antigos Caldeus [sobretudo Astrologia].

Os dois personagens, já legendários: Cipriano, o Feiticeiro e supostamente, um de seus Mestres, sendo uma certa Bruxa de Évora, parecem ser um caso de migração de mitos e sincretismo cultural.

Cipriano e a Bruxa, originalmente, parecem pertencer ao acervo das crenças e figuras mitológicas que chegaram à península Ibérica em diferentes períodos históricos mas que combinaram-se perfeitamente no universo da mítica do sobrenatural: primeiro, chega a lenda Cipriano, já difundida no Martirológio cristão: o caso do Feiticeiro e sua misteriosa mestra de Yeborath. O Bruxo que virou Santo.

Mais tarde, o juntamente com os Mouros sarracenos que invadiram e dominaram o território a partir de 715 d.C., vieram as bruxas misteriosas do Oriente, quase ciganas, as bruxas das Yeborath ou Iebora, das encruzilhadas, das agulhas.

Como foi dito, Cipriano – o Feiticeiro não somente encontrou uma certa Bruxa de Evora em sua passagem pela Babilónia como dela teria herdado os livros, as poções, os segredos do poderes de sua Mestra.
Considerando essa informação como fato possível, uma Bruxa ou feiticeira na/ou da Babilónia seria, naturalmente, versada naquele tipo magia característica da cultura Mesopotâmica, aquela normalmente classificada como magia das trevas, da mão esquerda, magia negra: Goecia, necromancia, vidência, evocações, parcerias com demónios, envultamentos [encantamento à distância: os bonecos de cera e as agulhas], oráculos.

Essas bruxas e bruxos foram aqueles que preservaram alguma coisa das tradições da magia das tribos nômades e reino antigos de tempos ainda mais arcaicos entre os quais destacam-se os Caldeus e os Assírios. Era uma Magia de sombras, frequentemente desprovida de escrúpulos, sem critérios éticos, que livremente associava-se com entidades não humanas e pouco confiáveis: demónios, génios, formas-pensamento, elementais, espíritos de pessoas mortas.

Uma bruxa assim poderia, mesmo ter existido. E não somente uma, mas várias. As bruxas de Évora seriam algo como uma categoria de feiticeiras. Voltando à etimologia da palavra Évora, embora sejam encontradas raízes em solo europeu, não se pode desconsiderar a Yeborath dos árabes que, como foi explicado tem como significado: Cruzado, cruzamento, encruzilhada.

Uma etimologia que sugere a tradução do termo Bruxa de Évora para Bruxa de Encruzilhada ou, bruxa que faz seus trabalhos em encruzilhadas, lugar de Pactos. [Lembrando uma característica que lembra a divindade grega Hécate, senhora dos encantamentos e do mundo dos mortos.]

Com uma pequena mudança gráfica e fonética, se Yeborath é dito Iebora, então o significado muda para Agulha, agulhas e assim resulta, Bruxa das Agulhas. Ou seja, uma bruxa que trabalha com agulhas [supõe este pesquisador, agulhas e bonequinho de cera. Meditemos]...

Investigando a Bruxa pela Raíz

Investigar a trajectória geográfica da figura da Bruxa de Évora ao longo dos séculos passa, necessariamente pelo conhecimento do histórico da localidade de Évora até porque, se o folclore em torno desta personagem começa na Babilônia do século III d.C., a crença se perpetua além Oriente-médio, alcança com toda força mítica a vasta região da península Ibérica e, atravessando o Atlântico junto com os grandes navegadores portugueses e espanhóis, encontrou seu lugar no imaginário dos povos latinos-nativos-afro-americanos.
Se, de fato, existiu uma bruxa de Évora cuja vida se cruza com a vida de São Cipriano, esta personagem viveu [ou teria vivido] no século III, os anos 200 depois de Cristo. Nesta época, Évora era uma cidade romana, a Libetalitas Julia, conquistada em 57 d.C..
Contudo, a palavra Évora, ao que tudo indica é a denominação popular da localidade, antes e depois do domínio romano e, ainda, são várias as explicações para a origem deste nome. Plínio, o Velho (23–79 d.C.) – filósofo e naturalista, cronista romano, em seu livro Naturalis Historia, chama o lugar de Ebora Cerealis, por causa dos campos de trigo que dominavam a paisagem.

Os Celtíberos

Os povoamentos na região, cujo centro, hoje, é a cidade Évora, abriga sítios arqueológicos que datam da Idade do Bronze [1.800 a.C.] e outros ainda mais antigos, do Paleolítico, Neolítico, Calcolítico [Idade do Cobre, cerca de 3.000 a.C]; de muito antes da Era Cristã. Sobre o passado remoto de Évora escreve J. Saramago:
Chamaram-lhe Ebora os celtiberos, e como Ebora Cerealis a tem nomeado Plínio, o Velho, na sua História Natural, o que servirá para dar testemunho de que as planuras transtaganas já davam pão pelo menos dez séculos antes que os "alentejanos" (os que viveram e vivem além do Tejo...) se tornassem portugueses (SARAMAGO, 2001).
Mitologia-folclore cristão-pagão e sarraceno [mouros] são apenas dois dos elementos que se misturam na composição da lenda e das imagens relacionadas à Bruxa de Évora. Uma influência ainda mais recuada repousa na história dos fascínios e medos dos povos que habitaram a Península antes de romanos ou mouros.
São os bárbaros celtiberos, dos quais fala Saramago no texto acima e outras nações várias que se miscigenaram com os supostos autóctones [nativos do local] lusitanos oulusitani [em latim] a maior das tribos ibéricas. Os lusitanos propriamente ditos são, geralmente, considerados como proto-celtas, celtas primitivos, migrantes, provenientes do norte europeu, mais especificamente os Célticos.

A Magia dos Celtíberos

Uma xamã, ou feiticeira ibérica, [ou um xamã, o gênero é incerto] figura central no culto da Fertilidade, no Ocidente. É uma sacerdotisa. No peitoral, sete símbolos do sol. British Museum.
Estes primeiros habitantes organizados em aldeias e tribos da região, os celtiberos praticavam a magia européia ocidental mais primitiva, ainda eivada de crenças e práticas pré-históricas, como os sacrifícios humanos, por exemplo.
Também o pesquisador Antônio Alvarez, de língua espanhola, reconhece como primeiros povos históricos da Península Ibérica: Iberos, Tartésios, Celtas e os Celtíberos, como indica o nome, mistura de celtas e iberos.
A maioria dos historiadores concorda que esses povos viviam conflitos constantes e guerreavam entre si com certa freqüência. Viviam em tribos. Eram caçadores, pescadores mas também agricultores e pastores.
No âmbito do religioso e sobrenatural, os Celtíberos eram politeístas, adoradores do Sol, da Lua e das estrelas. Rendiam culto a espíritos de forças da Natureza que, acreditavam, habitavam as montanhas, os bosques, as águas.
Porém, acima de todas a divindades, adoravam um Deus Único Supremo: o Desconhecido, que festejavam nas noites de lua cheia, dançando nas portas das casas e sacrificando vítimas humanas. (ALVAREZ, 1998 – p 404).
Nesse contexto, o papel das mulheres tinha grande relevância posto que exerciam o papel de Xamãs, curandeiras que se utilizavam do conhecimento das virtudes e das peçonhas fornecidos pela Natureza, poções para o bem e para o mal extraídas de vegetais, animais e minerais. No alvorecer da História, as bruxas eram como médicas: do corpo, da alma; intermediárias entre os homens e as forças da Natureza.
Foi essa magia primitiva que, aos poucos, transformou-se na Bruxaria da península Ibérica, resultado da interação com saberes de outras nações: romanos pagãos, romanos cristãos, bárbaros outros, pagãos originais ou romanizados; bárbaros cristianizados, Mouros (muçulmanos, Sarracenos).
Sobre a relação entre Évora e os celtíberos, estudos indicam que, a palavra e o lugar podem estar ligados a uma antiga divindade celta cultuada na região: Eburianus cujo símbolo é a árvore do Teixo. Houve tempo em que os lusitanos chamavam a atual localidade de Évora de Eburobrittium.

Segundo o Livro de São Cipriano

Segundo o livro de São Cipriano [o feiticeiro, século III d.C. anos 200], capa de Aço, no tempo em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora, o rei mouro Praxadopel ali construiu um castelo, em Montemur.
"Nesse lugar, hoje chamado Castelo de Giraldo [referência a Geraldo, o Sem Pavor – ... -1173? herói da reconquista da terra lusa ocupada pelos mouros], transformado em ruínas pelo passar dos séculos, em meio às pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de lobos e chacais, no fundo da propriedade, ocultos embaixo de montes de pedras, no Túmulo de Montemur, foram encontrados os restos mortais de sete pessoas e pergaminhos escritos por Lagarrona, a Feiticeira de Évora (também chamada Lagardona ou La Guardona)."
Os mouros, povos do oriente médio, somente poderiam ter ocupado a região depois período de expansão dos domínios árabes em suas incursões em território europeu, em uma época, portanto, pós-fundação do Islamismo. Porém as referências à uma bruxa de Évora remontam aos primeiros séculos do Cristianismo, por volta do século III, coincidindo com o período de vida de do bruxo Cipriano. Eis uma prova da dificuldade de identificar a historicidade dessa feiticeira tão famosa.

Folclore da Bruxa de Évora em Portugal

No tempo em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora [e os mouros chamavam a cidade de Yeborath a Liberalitas Julia da época da dominação romana], o rei mouro Praxadopel ali construiu um castelo em Montemur [região vizinha de Évora cujo centro é a cidade de Montemor].
Nesse castelo, hoje chamado Castelo de Giraldo, transformado em ruínas pelo passar dos séculos, em meio às pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de lobos e chacais, que, no fundo da propriedade, enterrada entre montes de pedras, está o Túmulo de Montemur. Nele foram encontrados os restos mortais de sete pessoas e pergaminhos [supostamente] escritos por LAGARRONA, a feiticeira de Évora.
Frei Antão de Sis, estudioso dos fenômenos mágicos e da feitiçaria, através dos pergaminhos, encontrou a casa da bruxa, ainda em pé, apesar do tempo. Descreveu-a como uma casa diabólica... No meio dela havia uma cova da altura de um homem. As paredes internas estavam repletas de desenhos representando lagartos, cobras, lagartixas caracóis, rãs, escaravelhos, símbolos egípcios, vespas, baratas e outros bichos peçonhentos.
Do lado de fora, havia quatro sapos e várias figuras de meninos tendo nas mãos molhos de varinhas de ervas com os quais ameaçavam os sapos. Ainda dentro da casa, em dos cantos dessa casa mal-assombrada havia a escultura de pedra de um cavalo-homem, como um centauro. Noutro lugar, outra estátua, esta, a de uma mulher-serpente. Em certo ponto do chão ladrilhado com cerâmica negra, uma inscrição:

O primeiro a abrir esta cova
Verá coisas jamais vistas
Cava por diante para que resistas [enfrentes]
ao grande temor que seu peito prova
Verás sortilégios mágicos que prendem os homens,
o filtro do amor que amarra as mulheres.
Não temas, não temas. Não mostres temor:
acharás sucessos, magia e amor
e, por certo, em tudo será vencedor.

Gran libro de San Cipriano o los tesoros del hechicero, 1985

A bruxa de Évora Nos Livros

Em Portugal a Bruxa de Évora é o modelo de bruxa. Mas não somente em Portugal: este modelo de bruxa está na fantasia de toda a Península Ibérica e nos territórios que foram descobertos e conquistados pelos grandes navegadores ibéricos da Idade Moderna.

No primeiro, no que se refere à biografia da Bruxa, o que se encontra, logo no primeiro capítulo é uma reprodução e/ou tradução de outro texto de autor praticamente desconhecido: capítulo do Livro de São Cipriano, sabe-se lá em qual de suas repetitivas versões mas, muito possivelmente da edição em espanholGran Libro de San Cipriano o los tesoros del hechicero.

O capítulo, intitulado La Hechicera de Evora o Historia de La Siempre Novia (Siempre Novia, referência uma das lendas mais difundidas sobre a Bruxa) teria sido, supostamente, extraído [todo o capítulo] de um manuscrito cujo autor é um certo [ou incerto] Amador Patrício.

Outro supostamente episódio biográfico sobre a Bruxa relata o paradoxal encontro da Feiticeira com o Bruxo Cipriano, já cristianizado mas ainda especialista em bruxedos. O caso é conhecido com O Encontro de São Cipriano com a Bruxa de Évora. Neste encontro, Cipriano não parece um discípulo diante de uma antiga mestra. Ao contrário, é a bruxa, já em avançada idade que recorre ao novo cristão para realizar um feitiço que lhe renderia [a ela, bruxa] bom dinheiro. Trata-se dofeitiço da cobra grávida, para segurar marido.

O ex-bruxo propõe uma barganha: a conversão da bruxa ao Cristianismo em troca da fórmula mágica. A bruxa aceita e eis a feiticeira de Évora transformada em penitente velhinha cristã. Ao final, a receita profana, destinada a recuperar o marido da contratante, uma jovem senhora da nobreza, pede o favor para a réptil gestante [a cobra grávida!] mas, isso em nome de Deus e da Virgem Maria! Uma combinação extravagante de feitiço pagão e reza cristã.

Santander, autor deste livro, O Livro da Bruxa ou Feiticeira de Évora, este autor é tão difícil de identificar e datar quanto a própria Bruxa de Évora. Ele começa sua obra sem qualquer introdução, identificando o período de vida da personagem que dá nome ao livro com o tempo da dominação Sarracena na península Ibérica, ou seja entre o século VIII e começo do século XII.

Escreve Santander: No tempo em que os mouros viviam na região portuguesa de Évora... E ao longo do capítulo descreve o que seriam os últimos anos de vida da Bruxa, claramente qualificada como Moura, muçulmana. No relato, a feiticeira tem um filho adulto e mau. Chamado Candabul, desejou possuir uma jovem donzela cristã. A bruxa ajuda no rapto da moça, providencia a morte por enfeitiçamento todos os pretendentes dela. Mas o mal-feitor é preso e condenado à morte. Mais uma vez a bruxa interfere e se empenha em produzir mágicos meios de fuga para Candabul.

O fantasma da Bruxa

Caçada pelos agentes da Lei, depois de várias peripécias, ela acaba morrendo durante um acidente na realização de um de seus feitiços, que fazia em uma tentativa desesperada de escapar da Justiça. Quando chegaram os soldados, encontraram-na morta. Não foi sepultada. Como punição post-mortem, foi pendurada na porta da própria casa e ali ficou apodrecendo e sendo devorada pelos abutres e vermes. O cadáver, lentamente virando ossada, oscilando ao sabor das ventanias, era uma visão macabra que parecia vigiar o lugar e a bruxa morta passou a ser chamada de La Guardona [ou, as corruptelas, Lagarrona e Lagardona], algo como A Guardiã... da casa, de suas ruínas e arredores. O local, naturalmente, passou a ser temido e considerado como assombrado [Gran Libro de San Cipriano o los tesoros del hechicero, 1985].

Lendas, Fórmulas e Segredos

Torna-se claro que os relatos sobre a bruxa de Évora são de fato, um conjunto de lendas e seus supostos escritos são de origem desconhecida, excertos de Grimórios mais antigos de autoria igualmente duvidosa. Alguns são atribuídos a este ou aquele mestre mais conhecido na esfera do folclore, da cultura popular, como Alberto, o Grande, Papa Honório, bruxo Atanásio e o próprio Cipriano, o feiticeiro.
Muitas das receitas dos Grimórios são fórmulas de remédios caseiros, acervo de um saber muito útil em uma época em que a medicina dispunha de toscos recursos e médicos com estudo eram poucos e para ricos. Muitos dos Segredos da Bruxa revelados no livro de Amadeo de Santander fazem parte da sabedoria popular dos curandeiros e curandeiras de linhagem imemorial, uma herança que durante muito tempo foi preservada e transmitida através da cultura oral.
A própria Bruxa apresentada por A. de Santander em sua pretensa-original tradução-reprodução do Único e autêntico manuscrito comprovado pelos sábios da Galícia extraído do Flor Sanctorum, datado dos tempos dos mouros de Évora, a feiticeira comenta revelando algo possivelmente verídico na vida de muitasBruxas de Évora: que seus conhecimentos foram-lhe ensinados pela mãe, segredos passados de geração em geração. Explicando a Cipriano em que consiste o seu [dela] feitiço da Cobra Grávida Para Prender Marido ela revela algo de recorrente na biografia dessas bruxas de Encruzilhadas:
É pele de cobra com flor de suage [ou sage, Artemisia vulgaris ou, ainda, flor-de-são-joão, erva-de-são-joão, artemísia-verdadeira, losna, absinto.L.C.] e raiz de urze [Erica Lusitanica ou torga e/ou Calluna vulgaris] que estou queimando em nome de Satanás, para defumar as roupas do duque [o Grão Duque de Terrara] e ver se o desligo daquela mulher [uma amante]. Esta mágica foi sempre infalível quando minha mãe a praticava debaixo dessas abóbodas em que as mãos dos homens não tomaram parte. Minha mãe desligou com ela [a tal magia] mancebais[relações extraconjugais] de nobres e monarcas...
(SANTANDER, p 13)
Compilados em manuscritos medievais, organizados em volumes raros, artesanais, ornados com finas iluminuras, a grande enciclopédia dos saberes populares, pagãos, curiosamente, começou a ser organizada, não raro, pelo monges escribas das grandes escolas e bibliotecas de mosteiros da Cristandade medieval. Provavelmente foi da pena dos monges que surgiram os primeiros Grimórios e/ou Engrimanços. Com o advento e evolução da imprensa, ou seja, depois de Johannes Gutenberg [Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, 1398-1468 – alemão, considerado inventor/introdutor da imprensa no Ocidente], esses conhecimentos documentados em registros escritos tornaram-se disponíveis em numerosas cópias que ganharam o mundo em letras de forma, em publicações variadas, de folhetos baratos, almanaques de curiosidades até custosas e exclusivas edições.

A Bruxa de Évora por Maria Helena Farelli

Em A Bruxa de Évora, Maria Helena Farelli (2006) apresenta a personagem como arquétipo folclórico luso-hispano-brasileiro, com ênfase nas raízes portuguesas da lenda, já devidamente hibridizadas entre: 1. o druidismo celtíbero doméstico; 2. o culto romano à deusa Diana [correspondente à grega Artemis], cujas ruínas do templo ainda podem ser visitadas em Évora; 3. a figura mítica da moura feiticeira, freqüentemente apresentada, simplesmente e depreciativamente como aMoura Torta, um modelo de bruxa, tudo isso misturado ao – 4. ritualismo cristão das orações e adoração dos santos e das relíquias e nome sagrados.

Em Farelli (2006), a narrativa passa, como é necessário, pela história da nação lusitana, detendo-se em período em que a cultura popular mística-religiosa já tinha absorvido elementos que ficaram como herança do tempo da dominação islâmica-sarracena em toda a península Ibérica. Boa parte dessa herança consiste no universo misterioso na magia semita, caldaica, mesopotâmica: dos magos-alquimistas, astrólogos, videntes, quiromantes, necromantes – invocadores de gênios e espíritos dos mortos, magia-negra, também, sim, da mais antiga tradição árabe, pré-Islã. Segundo Farelli a Bruxa de Évora era a ...guardadora dos segredos dos feitiços do Oriente, a que voava em camelos alados... (FARELLI, 2006 – p 15).

Sobre o sincretismo no qual foi forjada a Bruxa de Évora, a autora escreve: ...o português sempre acendeu uma vela para Deus e uma para o outro. Até na Igreja ele fazia mirongas... Até os padres eram acusados desses feitos. Mas os considerados grandes bruxos eram os mouros e os judeus... (Idem, p 29). E mais: ...segundo a lenda, a Bruxa de Évora era moura... árabe ou mourisca... morena... (Ibid., p 29).  

Bruxa Erudita

Em relação à aparência, A Bruxa de Évora (FARELLI, 2006) apresenta o arquétipo folclórico da personagem em sua velhice. Esta esta é uma daquelas bruxas velhas e esquivas dos contos infantis. Mas, ao contrário do modelo da curandeira intuitiva, analfabeta, camponesa ignorante cujo conhecimento é todo proveniente de experiência pessoal e herança de tradições orais, em Farelli (Idem) a bruxa de Évora é praticamente uma erudita. Alfabetizada, poliglota, ela fala, lê e escreve em português [o gentílico da época], árabe e latim.
Sem citar sua fonte de informação, a autora enfatiza: Sabia matemática... reconhecia as estrelas,... sabia ler a sorte nas areias... Ela conhecia a magia de seus ancestrais muçulmanos* mas, vivendo no século XIII [anos 1200], também sabia [da magia] dos celtas... (FARELLI, 2006 – p 33). Todavia, a moura pagã era, ao mesmo tempo, devota cristã: ...a velha bruxa já tinha feito a peregrinação a Santiago de Compostela [tradição cristã]... Já tinha ido à Sé de Braga, muitas vezes, pagar promessas... (Idem) ...E, ainda: ...a bruxa de Évora não era uma herética. Era uma mulher que conhecia as rezas (Ibid., p 41).
Além disso, essa Bruxa de Évora era uma senhora em situação social e de comportamento atípicos para sua época. Vivia bem [ou seja, não passava dificuldades financeiras, materiais]. Tinha dinheiro proveniente da prestação de seus serviços mágicos e/ou técnicos-científicos. Porém, consciente do espírito dos tempos medievais, não ostentava riqueza ou poder. Era discreta, sabiamente. Andava pobremente vestida, Era seu jeito de ficar invisível e evitar confrontos com as autoridades religiosas.

Flos Sanctorium ou Flos-Santorio: Flor dos Santos

Como todo ocultista, seja leigo ou erudito, considerando uma figura histórica da Bruxa como precursora ou símbolo de um mito, a Bruxa de Évora, alfabetizada que era possuía ou devia possuir seu próprio Livro [ou livros] de estudos e anotações contendo fórmulas de elixires, ungüentos, poções, rezas, rituais e outros saberes. Nos meios exotéricos, o livro de registros pessoais de uma bruxa é chamado Livro das Sombras.

Um possível Livro da Bruxa de Évora seria – ou foi e é, um objeto que, se autêntico, atraiu e atrai curiosidade e cobiça proporcional à força lendária de sua suposta autora. Um objeto digno de um Museu de história da cultura ocidental. De fato, este Livro é um dos elementos mais explorados do folclore em torno da Bruxa; explorado, inclusive, no mercado editorial.

Porém, o texto que tem atravessado séculos e que Amadeo Santander reproduz em seu Livro da Bruxa (s/data), este texto é uma mutação de autoria desconhecida o suficiente para ser considerado de domínio público. Na folha de rosto de uma edição recente Santander e/ou a editora [seja lá quem for este autor] declara que a obra reproduz o único e autêntico manuscrito... [cópia] do original extraído dos Flos Sanctorum, datado do tempo dos mouros de Évora.

Esta informação é uma encruzilhada na pesquisa: ocorre que o Flos Sanctorum [ou Florilégio dos Santos, Flor dos Santos] a princípio, é Hagiografia: um livro que reúne biografias de santos [?!]. E a situação se complica posto que o Flos Sanctorum, segundo estudos é, por sua vez, reedição de um livro mais antigo, A Lenda Áurea ou A Legenda Áurea que também é, essencialmente, coletânea de vidas de santos, escrito-compilado por Jacobus de Voragine [1230-1298, italiano, religioso dominicano, arcebispo de Gênova], datado em em torno do ano de 1260.

A questão é: como pode, o Livro da Bruxa apresentado por A. Santander ser extrato, derivação de um Flos Sanctorum de qualquer século? Tudo indica que o Livro da Bruxa não é, de modo algum derivado de manuscritos de uma Bruxa de Évora. O nome da Bruxa, nesse caso, tal como no caso do penitente Bruxo Cipriano é usado como atrativo de mercado. Caso simples de propaganda enganosa. Em ambos os casos, os Livros atribuídos aos lendários autores são coletâneas de simpatias e receitas populares, tradicionais, resgatadas do acervo da cultura oral, misturadas com rezas e saberes práticos destinados a solucionar os problemas do corpo e da alma do Homem medieval.

Sobre o Livro de A.Santander
O Livro da Bruxa

No livro de A. Santander as receitas mágicas, feitiços, oráculos, começam no CAPÍTULO III com uma técnica muito útil, atemporal! que pode funcionar em qualquer época, para as mulheres se livrarem dos homens quando estiverem aborrecidas de os aturar. A seguir, uma receita infalível para as mulheres não terem filhos, tão útil quanto anterior ou mais, método bastante tradicional, utilizando esponjas do mar introduzidas na vagina antes do coito, truque já usado no Egito Antigo, por exemplo. Há magias para sedução, rejeição e fidelidade, para prosperar no trabalho honesto ou desonesto. Oferece proteção contra inimigos, oráculos para saber do presente e do futuro, feitiços e contra-feitiços.

O CAPÍTULO IV resgata a figura do mago egípcio Janes [que, juntamente com seu parceiro, Jambres], que confrontou Moisés e Arão diante do Faraó com uma disputa de poderes mágicos. Este personagem, o mago egípcio Janes, pouco lembrado nos dias correntes, também é citado nos Livros de são Cipriano, fortalecendo as alusões a uma ligação, mestra-discípulo entre o Santo Bruxo e a Bruxa de Évora. Em uma das versões da fim da vida da Bruxa, ela é convertida ao cristianismo por Cipriano e termina sua vida como devota católica e aia [camareira pessoal] de uma aristocrata.

Neste capítulo, continuam sendo listadas magias relacionadas com questões mundanas, cotidianas, incluem ainda, receitas de beleza: Para conservar a formosura, para afinar, limpar e clarear a pele, tingir os cabelos. Em uma das fórmulas o mago Jambres promete: ...Fazer sumir do corpo e do rosto as verrugas, manchas e outras excrescências da pele.

O CAPITULO V é dedicado à Pastoromancia, denominação imprópria, refere-se à chamada, por ocultistas como Eliphas Levi [Alphonse Louis Constant, 1810-1875] e Papus [Gérard Anaclet Vincent Encausse, 1865-1916], magia dos campos, da tradição dos pastores da Sicilia, Itália. E não são propriamente magias.
São receitas, mais especificamente, medicinais, parte do arsenal curativo popular dos precários tempos medievais. São remédios e rezas para combater, solitária [Taenia solium, verme platelminto], hemorróidas, lesões musculares, surdez, dor de dentes, feridas, úlceras, hemorragias, queimaduras, picada de insetos e animais peçonhentos e, é claro, receita contra calos e verrugas.

O CAPITULO VI promete revelar o segredo alquímico da arte de fazer ouro. Porém, como sempre acontece nesse tipo de "literatura" o texto nada fornece de aproveitável sobre o tema. Aliás, passa longe de qualquer fórmula de produzir ouro.

São mencionadas algumas substâncias muito usadas noutras operações mágicas registradas noutros manuais do género. Tais substâncias seriam ingredientes-chave da transmutação de materiais ordinários no precioso metal. Escreve Santander: Não faltam nos livros verídicos [?] exemplos que comprovem essa operação. E ainda: Esta arte é de grande facilidade [!] mas exposta a graves perigos porque não se pode executar em a cooperação do demónio (SANTANDER, p 59).

É o demónio quem prepara e fornece certos pós empregados na transmutação. Dois metais e uma outra substância são mencionados como ingredientes essenciais: argenteo vivo [possivelmente interpretável como Alumínio (Al) mas muito mais provável que seja redundância esclarecendo o azougue como sendo e elemento Mercúrio cujo símbolo é Hg provém da designação latina – hydrargyrum que significa prata líquida.

De fato, o Mercúrio assemelha-se a uma prata buliçosa e vívida [por sua consistência entre o fluido e o gel]; daí também a denominação azougue [para o mercúrio], aludindo a algo buliçoso, que não para quieto. Finalmente, entre os ingredientes da transmutação comentada em O Livro da Bruxa é mencionado um misterioso pó de Resh. (Para saber mais sobre alquimia, procure sobre o post relacionado aqui no site).

CAPÍTULO VII – TESOUROS DA GALIZA -Galiza ou Galícia é uma comunidade autônoma espanhola, fronteira com Portugal, situada a noroeste da Península Ibérica. Sua capital é Santiago de Compostela, na província da Corunha. As informações sobre estes tesouros foram alegadamente extraídas de um pergaminho que teria sido encontrado nas ruínas do castelo mourisco de Altamira no ano de 1065.

Sobre o paradeiro do pergaminho (no século XX) diz o autor (Santander) que encontra-se [ou encontrava-se...] em Barcelos, [cidade portuguesa, norte do país], na Biblioteca Acadêmica Peninsular Catalã.
Muito danificado, o pergaminho tem partes carcomidas e em alguns casos não se entende bem (SANTANDER, p 63]. Na verdade, todo o texto sobre os supostos Tesouros da Galiza não se entende nada bem, por exigüidade de informações e/ou por arcaísmos nas denominações topográficas, medidas de distância e valores.

Os termos usados nos textos dos 173 (cento e setenta três) segredos estão repletos de termos muito antigos. Exemplos: Encruzilhada de Lobios, distância de 32 homens... depositamos 500 cunhos, na ponte do Poderoso, à profundeza de dois homens...[na]... residência de frei Tramudo... um haver de prata em rama... entre dois troncos de pinheiro, etc.

Deste modo, as dezenas de segredos que deveriam revelar ou fornecer chaves de localização de tesouros, parecem nada significar; de nada servir aos caçadores das arcas e das botijas perdidas.
Todavia, se um crédulo ou teimoso arriscar apostar em algumas das 173 dicas vai precisar estudar exaustivamente para decifrar/traduzir os nomes de localidades, que mudaram muitas vezes, identificar personagens históricos, descobrir e converter para termos atuais valores das distâncias e das supostas riquezas.

CAPÍTULO VIII – ORÁCULO DOS SEGREDOS REVELADOS PELA FEITICEIRA DE ÉVORA 
São 108 estes segredos que o autor (Santander) classifica como maravilhosos. Porém o capítulo, na realidade apenas reúne mais receitas, cujo teor oscila entre a superstição e o curandeirismo mais popular.
Pretender fornece fórmulas para uma miríade de problemas da condição humana: desde a prática de proezas sobrenaturais, remédios caseiros para questões domésticas mais ou menos ordinárias ou, ainda artifícios para alcançar desejos pouco louváveis e, certamente, nada cristãos.

Em termos gerais trata da saúde e higiene básicas, das virtudes de certas substâncias e de outras coisas, dos truques mágicos para obter vantagens, das operações consideradas sobrenaturais, como a levitação. São outros exemplos desses segredos textos que tratam de assuntos como:
Em saúde e higiene – Cura de dores de cabeça, evitar pulgas, carrapatos, percevejos, piolhos, formigas, moscas; são remédios par lombrigas, tosse, catarro. diarréia, desinteira; para evitar a sarna, para conhecer enfermidades pelo exame da urina, para manter a castidade, para cobrir os cabelos brancos. Para manter a castidade...

Sobre virtudes de substâncias e de certas coisas – Do vinagre, da urina, do ovo, da Genebra, da Artemísia, do Jacinto, do sono, de peles descartadas na muda das cobras. Para conhecer as enfermidades pelo exame da urina. Sobre as virtudes do sono.

Prodígios – Tirar o sal da água do mar. Separar água e vinho. Para que um cavalo pareça manco não sendo. Para não sentir tédio nem cansaço em uma jornada. Para o fogo não queimar. Descobrir infidelidades. Fabricar uma lâmpada invisível.

CAPÍTULO IX – FRENOLOGIA, ANTROPOMETRIA & FISIOGNOMIA
Trata-se de conhecer os indivíduos pelo estudo ou leitura do Crânio [fenologia], das Proporções e aspectos das partes do Corpo [antropometria] e dos traços do rosto [fisiognomia]. Capítulo bastante curioso que, muito provavelmente, mistura sabedoria popular com idéias científicas que tornaram-se populares.

Além disso, esse tipo de conhecimento é matéria essencial para qualquer magista e/ou ocultista, uma tema especial entre todos os tópicos dos estudos das Ciências Humanas [no ocultismo].

Embora estas ciências tenham origens muito antigas, o texto de Santander em O Livro da Bruxa é fundamentado nos estudos do médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828, que mapeou crânio e cérebro segundo suas supostas funções): Gall, o notável médico e fisionomista... é o autor deste engenhoso sistema, que ensina a descobrir, por claríssimo modo, as inclinações, vícios, paixões e virtudes de todas as pessoas pelo simples exame e configuração do crânio. ...Não se pode por em dúvida a lógica desse sistema. ... Os homens mais notáveis, tanto por seus talentos como por seus crimes, raras vezes apresentam cabeças regulares[SANTANDER].

Santander fornece a lista das faculdades cerebrais, que são trinta associadas a trinta regiões crânio-cérebro, mas não apresenta o mapa concebido por F. J. Gall. A seguir passa a tratar da fisiognomia, estudo dos traços e formas do rosto fornecendo algumas dicas sobre a leitura dessas características: formato, tamanho dos olhos, nariz, testa, boca, dentes, queixo, orelhas, mãos, pés.

Também fala dos tipos físicos como um todo, considerando altura, compleição, postura. Porém, o estudo apresentado por Santander muito superficial se comparado a outros publicados por ocultistas mais eruditos, como Papus [Gerard Anaclet Vincent Encausse, 1865-1916].

CAPÍTULO X – CARTOMANCIA
Neste penúltimo capítulo, mais uma vez, misterioso manuscrito revelaria a técnica da suposta Bruxa de Évora no ofício oracular de ler o destino das pessoas nas cartas de um baralho comum.

Na misérrima choça que abrigava a bruxa, sua última morada antes da condenação e num falso compartimento que lhe servia de dormitório, foi achado um manuscrito esta nova arte de deitar as cartas, a que demos o nome de cartomancia cruzada e, ao que parece, [desta técnica] a feiticeira começou a fazer uso depois de ter-se indisposto com Satanás [supostamente, a Bruxa converteu-se ao Cristianismo por influência do também ex-feiticeiro Cipriano – [p 139].

Observação: Na cartomancia, as cartas podem deitadas [tiradas e postas na superfície de um plano] em disposição linear, uma ao lado da outra, é muito comum. A forma cruzada dispõe as cartas de modo a formarem a figura de uma cruz, com uma tiragem de cinco cartas, por exemplo. Isso isentaria a prática de tirar a sorte do estigma do pecado que consiste, justamente, em fazer uso de oráculos. Meditemos...

CAPÍTULO XI – SOBRE ASSOMBRAÇÕES

Finalizando o Livro, Santander apresenta uma pequena coleção de casos de assombrações, sem faltar a célebre casa assombrada de Atenas e referências a personagens do folclore histórico, especialmente da península Ibérica, como: o Frade da Mão Furada e a Velha nos telhados das casas. Crenças que chegaram ao Brasil colônia como atestam pesquisas de estudiosos do assunto.

Fonte: http://brunoalinesobrenatural.blogspot.pt/2011/04/bruxa-de-evora.html

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Programa 5 Bandas Ibericas

Ya está disponible para escuchar el podcast del nuevo programa de Galdralag Radio con un especial de Bandas de la Peninsula Iberica:




- ARDE FERO
- AZAGATEL
- SANGRE DE MUÉRDAGO
- ÁNGEL ROMÁN
- KELTIKA HISPANNA
- CUELEBRE
- URZE DE LUME
- CAELIA
- WIHINEY RITA
- STILLME
- THE WYRM
- SILENT LOVE OF DEATH
- ÁRNICA