Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Instrumentos musicais populares portugueses


Os instrumentos musicais populares portugueses pertencem à tradição organológica europeia. Para a sua descrição, de acordo com a classificação de C. Sachs e Hornbostel, todas as espécies existentes estão agrupadas em quatro categorias, conforme a natureza do elemento vibratório.

Membranofones

Adufe
Os tambores portugueses são de um tipo comum. Bimembranofones de caixa de ressonância cilíndrica, e de peles tensas por meio de cordas ou parafusos que apoiados em aros esticam uniformemente as duas peles.

Bombos - Podem ter até cerca de 80 cm de diâmetro. São tocados na vertical, geralmente só numa das peles com uma masseta. Não têm bordões nas peles o que lhes dá uma sonoridade profunda e são mais tocados no Centro.

Adufe - Bimembranofone de forma quadrangular. As peles são cosidas entre si e no seu interior são colocadas sementes, grãos de milho ou pequenas soalhas, a fim de enriquecer a sonoridade.

Caixa e Tamboril - A Caixa é tocada com duas baquetas em posição horizontal. Sobre a pele inferior tem geralmente um ou mais bordões, geralmente feitos de tripa. O tamboril caracteriza-se pelo fuste cilíndrico alongado e pela existência de bordões em ambas as peles. É tocado juntamente com flauta e percutido por uma só baqueta.

Sarronca - É um membranofone de fricção composto de um reservatório, geralmente uma bilha, que serve de caixa de ressonância, cuja boca é tapada com uma pele esticada que vibra quando se fricciona um pequeno pau ou cana preso por uma das pontas no seu centro.

Cordofones

Viola da terra ou de arame
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é uma corda ou mais cordas esticadas.

Viola Toeira - Também conhecida por viola de Coimbra, região onde durante muito tempo animou festas e romarias, a viola toeira é uma das 6 violas tradicionais portuguesas. É hoje uma espécie já completamente extinta, semelhante à viola braguesa em dimensões. Tem a abertura central sempre em forma oval deitada. No entanto, tem doze cordas, organizadas também em cinco ordens, sendo as três primeiras duplas e as duas últimas triplas. A viola Toeira é uma viola de arame.

Viola de Arame - São semelhantes à viola braguesa, mas de boca redonda na Madeira, e nos Açores com duas formas distintas. A de tipo micaelense com a boca em forma de dois corações, e a terceirense com a boca redonda.

Braguinha - É um tipo de cavaquinho da ilha da Madeira. É tocado de rasgado pelos grupos de bailhos que existem em algumas zonas rurais da ilha. Na cidade do Funchal aparecia integrado em tunas, dedilhado com uma palheta. Este instrumento terá sido levado para o Hawai nos fins do século passado por emigrantes madeirenses tornando-se aí um instrumento muito popular com o nome de Ukulele. Enquanto alguns dizem ser originário de Braga (cidade), o autor do Elucidário Madeirense afirma que o seu nome advém dos antigos trajes, denominados bragas que, outrora, eram usados pelos camponeses do sexo masculino do arquipélago Madeira. O seu som saltitante e alegre distingue-se dos demais instrumentos de cordas tradicionais/ populares da Madeira e Porto Santo. Instrumento de solo, (cantante ou ponteado, como vulgarmente é denominado pelo nosso povo) alegre e gracioso foi, em outros tempos, de grande estima das damas e donzelas madeirenses.

Viola Campaniça - É a maior das violas portuguesas. De enfranque muito pronunciado, tem também cinco ordens de cordas. As três primeiras duplas e as duas últimas triplas. É tocada de dedilho apenas com o dedo polegar.

Viola Braguesa - Com 5 ordens de cordas duplas metálicas. Tem a abertura central em forma de boca de raia. É tocada de rasgado, isto é, correndo todas as cordas ao mesmo tempo, ora com cinco dedos todos juntos, ou só com o polegar e o indicador. Mas os bons tocadores, ao mesmo tempo que tocam de rasgado, destacam sobre as primeiras cordas, mais agudas, a linha do canto.

Viola Amarantina - É muito semelhante à viola braguesa, tendo no entanto a boca em forma de dois corações.

Viola Beiroa - É um instrumento muito ornamentado. Além das cinco ordens de cordas, tem duas cordas mais agudas e presas a um cravelhal suplementar junto da caixa, e que eram sempre tocadas sem serem pisadas.

Cavaquinho - Da família da viola, mas de forma muito mais reduzida. Tem quatro ordens de cordas simples. Toca-se de rasgado.
Rabeca Chuleira - Espécie de violino, mas de braço muito curto e escala muito aguda, afinando urna oitava acima do violino.

Guitarra Portuguesa - A guitarra portuguesa é um instrumento de grande importância na música tradicional de Portugal. De corpo piriforme tem seis ordens duplas, é tocado com uma técnica especial em que o tocador usa unhas postiças para poder tirar melhor sonoridade do instrumento.

Violão - Com seis ordens de cordas simples serve de acompanhamento à guitarra portuguesa ou à viola nos grupos das rusgas e chulas minhotas.

Idiofones


Juntamente com os instrumentos mais importantes existem outros, geralmente idiofones que têm funções diversas, e que segundo Ernesto Veiga de Oliveira são divididos nas seguintes categorias:

- Instrumentos para marcar o ritmo e acompanhar a dança:
Castanholas, Ferrinhos, Bilha com Abano, Reque-reque

- Instrumentos da Semana Santa, Carnaval, Serração da Velha, etc:
Matracas, Zaclitracs

- Instrumentos próprios de certas profissões e modos de vida, para avisar por exemplo o começo de determinados trabalhos:
Gaita de Amolador, Cornetas, Assobios de Caça, Cornos, Búzios

- Instrumentos de passatempo individual:
Ocarina, Harmónica de Boca, Gaitas de Palhas

Aerofones

Gaita de fole galega
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é o ar accionado de modo especial pelo instrumento.

Gaita de Fole - É um aerofone composto por dois tubos ligados a um saco feito de pele de cabrito. Um dos tubos é cilíndrico e composto por três secções tendo na extremidade uma palheta simples de cana, produzindo sempre a mesma nota. É o chamado bordão ou roncão. O outro tubo mais pequeno é de secção cónica com oito orifícios, de palheta dupla e toca a melodia. O fole cheio de ar através de um outro pequeno tubo munido de uma válvula, é pressionado pelo braço o tocador, obrigando o ar a sair, pondo as palhetas a vibrar.

Palheta - É um instrumento de palheta dupla, tipo oboé. O tubo melódico tem cinco orifícios, e termina em forma de campanula.

Flauta - Existem três tipos de flautas: a) as de tamborileiro, que são de bisel, com corpo cilíndrico ou ligeiramente cónico e com três furos. São executadas simultaneamente com um tambor, conhecido vulgarmente por tamboril; b) a flauta de bisel, geralmente feita de cana e sabugueiro. É usada no Minho e no Douro. e Algarve, c) a flauta travessa geralmente feita de cana na faixa ocidental do país no Minho, Estremadura e Algarve, e de sabugueiro no interior, nomeadamente na Beira Baixa. Tem seis furos além do insuflador. No Entre-Douro-e-Minho, ocasionalmente surgem exemplares construídos em buxo torneado e desmontáveis em três peças, similares às de construção galega.

Concertina - É um aerofone de palhetas livres que são accionadas por meio de um fole que une os dois teclados (um do lado direito com 1,2ou 3 carreiras e um do lado esquerdo geralmente com 2 carreiras).


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