Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Lenda dos lusitanos de Peniche


«Consta que os lusitanos refugiados em Peniche depois da invasão das legiões romanas, não podendo viver senão do mar, de tal modo adquiriram o hábito de viver dentro de água que passavam dias inteiros nadando e mergulhando, em busca de alimento, como se fossem peixes, tendo os mais idosos e incapacitados o costume de fazer soar um grande búzio para que os seus descendentes mais jovens e fortes, lhes trouxessem do mar o que necessitavam.
E já as embarcações que pela costa passavam julgavam tratar-se de deuses marítimos, pelo que lhes ofereciam sacrifícios, no receio de que as divindades se molestassem com a navegação...

Fonte BiblioCALADO, Mariano Peniche na História e na LendaPeniche, Edição do Autor, 1991 , p.411
Place of collection-, PENICHE, LEIRIA»
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Não é impossível que esta lenda do folclore nacional reflicta a existência de algum antigo culto que neste local se celebrasse desde tempos pré-romanos.