Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Geração Orpheu

A Geração de Orpheu foi o grupo responsável pela introdução do Modernismo nas artes e letras portuguesas. O nome advém da revista literária Orpheu, publicada em Lisboa no ano de 1915.


1º número da revista Orpheu (Janeiro, Fevereiro, Março - 1915)
Capa de José Pacheko
Seguindo as vanguardas europeias do início do século XX, nomeadamente o Futurismo, os colaboradores da revista Orpheu propuseram-se, de acordo com uma citação de Maiakovsky que Almada Negreiros terá usado mais tarde para caracterizar o Grupo, "dar uma bofetada no gosto público". Apesar disto, mantiveram influências de movimentos anteriores, tal como o Simbolismo e o Impressionismo.


Da autoria de Almada Negreiros: Retrato de Fernando Pessoa
Poetas como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, e pintores como Amadeo de Souza-Cardoso e Santa Rita Pintor reuniram-se em torno duma revista de arte e literatura cuja principal função era agitar as águas, subverter, escandalizar o burguês e pôr todas as convenções sociais em causa: o próprio nome "Orpheu" não fôra escolhido por obra do acaso - Orpheu era o mítico músico grego que, para salvar a sua mulher Eurydice do Hades, teria de a trazer de volta ao mundo dos vivos sem nunca olhar para trás.

E era essa metáfora que importava aos homens da Orpheu, esse não olhar para trás, esse esquecer, esse olvidar do passado para concentrar as atenções e as forças no caminho para diante, no futuro, na "edificação do Portugal do séc. XX" (Almada Negreiros). A Geração de Orpheu não contribuiu só para a modernização da Arte em Portugal mas foi responsável pela divulgação de alguns dos melhores artistas do mundo.

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