11000 visitas no blog e 100 gostos no Facebook são motivos mais que suficientes para celebrar:
Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
A Bruxa de Évora
A feiticeira ou bruxa de Évora é
uma das personagens mais populares e misteriosas do folclore português e das
lendas de magia, especialmente na esfera da cultura popular. Sua biografia é
dispersa, incerta, cheia de contradições. Até onde conduzem as pesquisas, não
pode ser considerada figura histórica; no entanto, a sua fama é o suficiente
para a considerar como um arquétipo mítico de um certo tipo de bruxa, de
feiticeira.
São três as versões existentes,
diferentes entre si, para a referida bruxa. Sendo a última a mais completa e
mais bem documentada. No entanto se prestar bem atenção, verá que todas elas se
tocam em vários pontos, podendo mesmo ser três versões de uma só história.
1ª Versão
Nanaime, a bruxa que habitou Évora
Évora foi um dos corpos
habitados por Nanaime. Este nome ficou conhecido por se tratar da cidade onde
ela viveu, entre 1700 e 1800.
Tratava-se de uma bela mulher, conhecedora
da magia, alquimista da natureza. Embora temida, era muito requisitada por sua
fama de resolver as aflições de todos. Usando ervas, flores, realizava banhos,
feitiços, amarrações, sempre no intuito de ofertar cura, sucesso e protecção,
na vida e no amor. Famosa por resolver tantas questões amorosas, foi justamente
o amor que trouxe o seu fim.
O desejo de Nanaime era o de se
unir a um semideus para garantir a eternidade de sua prole. E, assim ela o fez,
apaixonou-se por um semideus, contudo, ela não conseguia engravidar. Como seu
esposo viajava desbravando mares longínquos, ela decidiu retirar uma amostra de
seu sangue para ofertar a uma deidade, a fim de conseguir o filho tão sonhado.
A magia faz com que ela engravide durante a ausência do marido que ao retornar
a condenou à morte por adultério. Ele a mata, esquarteja seu corpo em muitas
partes e o lança ao mar. Até completar a
idade de 14 anos, a sua filha é banida e depois morta e enterrada aos pés de
uma sagrada árvore, para que a sua alma ficasse ali retida.
2ª Versão
A Moura
A Bruxa de Évora era uma moura,
criada na Ibéria, falava bem o árabe, o português e o latim. Foi criada por
umas velhas tias que lhe ensinaram as artes mágicas, dando-lhe como talismãs
sete moedas de ouro do califa Omir, uma pedra ágata com inscrições árabes e uma
chapa de prata com o nome do profeta.
A bruxa era chamada de Moura Torta, usava trapos, mas no seu
peito brilhava um amuleto de âmbar. Ela lia o Alcorão e escrevia, sabia
matemática, e olhando o céu reconhecia as estrelas, lia a sorte nas areias, nas
estrelas e fazia feitiços e curas. Conhecia a magia dos seus ancestrais
muçulmanos, mas vivendo no século XIII, também sabia a dos celtas.
A bruxa voava montada em cães,
lobos, camelos, carneiros e em vassouras, mas sempre era vista voando no seu
bode preto. O bode sempre foi um animal de feiticeiros, talvez por ser muito
sensual; sugere pactos com demónios, feiticeiras, seres parte homem e parte
animal, força de grande magia. O bode da era pagã emprestou sua forma para o
diabo. As bruxas também eram companheiras dos dragões, deram a eles muitos
nomes: o terrível, o magnífico, o senhor do mundo, o guardião.
Há muitos demónios companheiros
fiéis da bruxa de Évora, os principais são: Abalan (príncipe dos infernos),
Abigor (demónio de hierarquia superior), Abrahel (súcubo), Asmodeu (um dos
chefes), Adramelech (grande chanceler do inferno), Hecate (deusa infernal),
Lúcifer (o maioral), Marbas (presidente infernal), Rowe, (conde infernal), Satã
(rei dos infernos) e inúmeros outros.
A Bruxa de Évora tinha um gato
preto chamado Lusbel. Apesar de a temerem, os alentejanos buscavam os poderes
dessa bruxa: feitiços, sortilégios, banhos, amarração, conjuros, etc..., com a
finalidade de obter cura, protecção e sucesso no amor e na vida.
A Bruxa de Évora era uma moura,
criada na Ibéria, falava bem o árabe, o português e o latim. Foi criada por
umas velhas tias que lhe ensinaram as artes mágicas, dando-lhe como talismãs
sete moedas de ouro do califa Omir, uma pedra ágata com inscrições árabes e uma
chapa de prata com o nome do profeta.
A bruxa era chamada de Moura Torta, usava trapos, mas no seu
peito brilhava um amuleto de âmbar. Ela lia o Alcorão e escrevia, sabia
matemática, e olhando o céu reconhecia as estrelas, lia a sorte nas areias, nas
estrelas e fazia feitiços e curas. Conhecia a magia dos seus ancestrais
muçulmanos, mas vivendo no século XIII, também sabia a dos celtas.
A bruxa voava montada em cães,
lobos, camelos, carneiros e em vassouras, mas sempre era vista voando no seu
bode preto. O bode sempre foi um animal de feiticeiros, talvez por ser muito
sensual; sugere pactos com demónios, feiticeiras, seres parte homem e parte
animal, força de grande magia. O bode da era pagã emprestou sua forma para o
diabo. As bruxas também eram companheiras dos dragões, deram a eles muitos
nomes: o terrível, o magnífico, o senhor do mundo, o guardião.
Há muitos demónios companheiros
fiéis da bruxa de Évora, os principais são: Abalan (príncipe dos infernos),
Abigor (demónio de hierarquia superior), Abrahel (súcubo), Asmodeu (um dos
chefes), Adramelech (grande chanceler do inferno), Hecate (deusa infernal),
Lúcifer (o maioral), Marbas (presidente infernal), Rowe, (conde infernal), Satã
(rei dos infernos) e inúmeros outros.
A Bruxa de Évora tinha um gato
preto chamado Lusbel. Apesar de a temerem, os alentejanos buscavam os poderes
dessa bruxa: feitiços, sortilégios, banhos, amarração, conjuros, etc..., com a
finalidade de obter cura, protecção e sucesso no amor e na vida.
3ª Versão
A Bruxa de Évora e São Cipriano
É difícil até mesmo determinar a
época em que viveu. A maioria dos textos/livros sobre uma Bruxa de Évora afirma
que ela viveu no século... Outros, dizem que viveu em meados da Idade Média.
Todavia, um único de texto de referência permite supor que, na verdade, essa Bruxa
é mais antiga, e que poderia perfeitamente ter vivido em pleno século III d.C.
Mítica, é possível que a primeira
bruxa de Évora tenha sido tão poderosa e influente que seu nome tornou-se sinónimo
para praticantes da bruxaria que vieram muito depois e também fizeram fama
desde o antigo oriente Médio, Ásia Menor. Uma ideia de bruxa que alcançou não
somente a Península Ibérica mas também toda a região costeira do Mar
Mediterrâneo, os Balcãs, as ilhas do mar Mediterrâneo: ao longo de séculos, a
expressão "Bruxa de Évora", tornou-se algo como um título.
As pesquisas sobre esta
feiticeira indicam que boa parte de sua fama nasce junto com a fama de um outro
mago negro controverso: CIPRIANO DE ANTIOQUIA que viveu no século III da Era
cristã (anos 200). Este, depois de uma vida dedicada à magia negra,
converteu-se ao Cristianismo e foi até canonizado passando fazer parte da
história Cristã como São Cipriano.
Segundo as lendas, pois as
biografias desses personagens não têm registros históricos precisos, o nome
"Bruxa de Évora" [ou Bruxa de Yeborath – Iebora, em árabe يعبرهsignificando Cruzado,
cruzamento, encruzilhada] aparece pela primeira vez, no contexto do estudo da
História da Bruxaria, ligado ao nome do Santo feiticeiro. Ela teria sido uma
das mestras do mago e ele, seu discípulo mais prestigiado, herdeiro de seus
feitiços.
Porém, esse encontro NÃO
ACONTECEU na península Ibérica, como sugere o termo designativo, distintivo da
Bruxa, Évora que é uma cidade histórica de Portugal.
Segundo a biografia do feiticeiro
Cipriano, seu encontro com a Bruxa aconteceu na Mesopotâmia, na Babilónia,
[actual Iraque] onde se reuniam os ocultistas que estudavam a magia dos antigos
Caldeus [sobretudo Astrologia].
Os dois personagens, já
legendários: Cipriano, o Feiticeiro e supostamente, um de seus Mestres, sendo
uma certa Bruxa de Évora, parecem ser um caso de migração de mitos e
sincretismo cultural.
Cipriano e a Bruxa,
originalmente, parecem pertencer ao acervo das crenças e figuras mitológicas que
chegaram à península Ibérica em diferentes períodos históricos mas que
combinaram-se perfeitamente no universo da mítica do sobrenatural: primeiro,
chega a lenda Cipriano, já difundida no Martirológio cristão: o caso do
Feiticeiro e sua misteriosa mestra de Yeborath. O Bruxo que virou Santo.
Mais tarde, o juntamente com os
Mouros sarracenos que invadiram e dominaram o território a partir de 715 d.C.,
vieram as bruxas misteriosas do Oriente, quase ciganas, as bruxas das Yeborath
ou Iebora, das encruzilhadas, das agulhas.
Como foi dito, Cipriano – o
Feiticeiro não somente encontrou uma certa Bruxa de Evora em sua passagem pela Babilónia
como dela teria herdado os livros, as poções, os segredos do poderes de sua
Mestra.
Considerando essa informação como
fato possível, uma Bruxa ou feiticeira na/ou da Babilónia seria, naturalmente,
versada naquele tipo magia característica da cultura Mesopotâmica, aquela
normalmente classificada como magia das trevas, da mão esquerda, magia negra:
Goecia, necromancia, vidência, evocações, parcerias com demónios, envultamentos
[encantamento à distância: os bonecos de cera e as agulhas], oráculos.
Essas bruxas e bruxos foram
aqueles que preservaram alguma coisa das tradições da magia das tribos nômades
e reino antigos de tempos ainda mais arcaicos entre os quais destacam-se os
Caldeus e os Assírios. Era uma Magia de sombras, frequentemente desprovida de
escrúpulos, sem critérios éticos, que livremente associava-se com entidades não
humanas e pouco confiáveis: demónios, génios, formas-pensamento, elementais,
espíritos de pessoas mortas.
Uma bruxa assim poderia, mesmo
ter existido. E não somente uma, mas várias. As bruxas de Évora seriam algo
como uma categoria de feiticeiras. Voltando à etimologia da palavra Évora,
embora sejam encontradas raízes em solo europeu, não se pode desconsiderar a
Yeborath dos árabes que, como foi explicado tem como significado: Cruzado,
cruzamento, encruzilhada.
Uma etimologia que sugere a
tradução do termo Bruxa de Évora para Bruxa de Encruzilhada ou, bruxa que faz
seus trabalhos em encruzilhadas, lugar de Pactos. [Lembrando uma característica
que lembra a divindade grega Hécate, senhora dos encantamentos e do mundo dos
mortos.]
Com uma pequena mudança gráfica e
fonética, se Yeborath é dito Iebora, então o significado muda para Agulha,
agulhas e assim resulta, Bruxa das Agulhas. Ou seja, uma bruxa que trabalha com
agulhas [supõe este pesquisador, agulhas e bonequinho de cera. Meditemos]...
Investigando a Bruxa pela Raíz
Investigar a trajectória
geográfica da figura da Bruxa de Évora ao longo dos séculos passa,
necessariamente pelo conhecimento do histórico da localidade de Évora até
porque, se o folclore em torno desta personagem começa na Babilônia do século
III d.C., a crença se perpetua além Oriente-médio, alcança com toda força
mítica a vasta região da península Ibérica e, atravessando o Atlântico junto
com os grandes navegadores portugueses e espanhóis, encontrou seu lugar no
imaginário dos povos latinos-nativos-afro-americanos.
Se, de fato, existiu uma bruxa de
Évora cuja vida se cruza com a vida de São Cipriano, esta personagem viveu [ou
teria vivido] no século III, os anos 200 depois de Cristo. Nesta época, Évora
era uma cidade romana, a Libetalitas Julia, conquistada em 57 d.C..
Contudo, a palavra Évora, ao que
tudo indica é a denominação popular da localidade, antes e depois do domínio
romano e, ainda, são várias as explicações para a origem deste nome. Plínio, o
Velho (23–79 d.C.) – filósofo e naturalista, cronista romano, em seu livro
Naturalis Historia, chama o lugar de Ebora Cerealis, por causa dos campos de
trigo que dominavam a paisagem.
Os Celtíberos
Os povoamentos na região, cujo
centro, hoje, é a cidade Évora, abriga sítios arqueológicos que datam da Idade
do Bronze [1.800 a.C.] e outros ainda mais antigos, do Paleolítico, Neolítico,
Calcolítico [Idade do Cobre, cerca de 3.000 a.C]; de muito antes da Era Cristã.
Sobre o passado remoto de Évora escreve J. Saramago:
Chamaram-lhe Ebora os celtiberos,
e como Ebora Cerealis a tem nomeado Plínio, o Velho, na sua História Natural, o
que servirá para dar testemunho de que as planuras transtaganas já davam pão
pelo menos dez séculos antes que os "alentejanos" (os que viveram e
vivem além do Tejo...) se tornassem portugueses (SARAMAGO, 2001).
Mitologia-folclore cristão-pagão
e sarraceno [mouros] são apenas dois dos elementos que se misturam na
composição da lenda e das imagens relacionadas à Bruxa de Évora. Uma influência
ainda mais recuada repousa na história dos fascínios e medos dos povos que
habitaram a Península antes de romanos ou mouros.
São os bárbaros celtiberos, dos
quais fala Saramago no texto acima e outras nações várias que se miscigenaram com
os supostos autóctones [nativos do local] lusitanos oulusitani [em latim] a
maior das tribos ibéricas. Os lusitanos propriamente ditos são, geralmente,
considerados como proto-celtas, celtas primitivos, migrantes, provenientes do
norte europeu, mais especificamente os Célticos.
A Magia dos Celtíberos
Uma xamã, ou feiticeira ibérica,
[ou um xamã, o gênero é incerto] figura central no culto da Fertilidade, no
Ocidente. É uma sacerdotisa. No peitoral, sete símbolos do sol. British Museum.
Estes primeiros habitantes
organizados em aldeias e tribos da região, os celtiberos praticavam a magia
européia ocidental mais primitiva, ainda eivada de crenças e práticas
pré-históricas, como os sacrifícios humanos, por exemplo.
Também o pesquisador Antônio
Alvarez, de língua espanhola, reconhece como primeiros povos históricos da
Península Ibérica: Iberos, Tartésios, Celtas e os Celtíberos, como indica o
nome, mistura de celtas e iberos.
A maioria dos historiadores
concorda que esses povos viviam conflitos constantes e guerreavam entre si com
certa freqüência. Viviam em tribos. Eram caçadores, pescadores mas também
agricultores e pastores.
No âmbito do religioso e
sobrenatural, os Celtíberos eram politeístas, adoradores do Sol, da Lua e das
estrelas. Rendiam culto a espíritos de forças da Natureza que, acreditavam,
habitavam as montanhas, os bosques, as águas.
Porém, acima de todas a
divindades, adoravam um Deus Único Supremo: o Desconhecido, que festejavam nas
noites de lua cheia, dançando nas portas das casas e sacrificando vítimas
humanas. (ALVAREZ, 1998 – p 404).
Nesse contexto, o papel das
mulheres tinha grande relevância posto que exerciam o papel de Xamãs,
curandeiras que se utilizavam do conhecimento das virtudes e das peçonhas
fornecidos pela Natureza, poções para o bem e para o mal extraídas de vegetais,
animais e minerais. No alvorecer da História, as bruxas eram como médicas: do
corpo, da alma; intermediárias entre os homens e as forças da Natureza.
Foi essa magia primitiva que, aos
poucos, transformou-se na Bruxaria da península Ibérica, resultado da interação
com saberes de outras nações: romanos pagãos, romanos cristãos, bárbaros
outros, pagãos originais ou romanizados; bárbaros cristianizados, Mouros
(muçulmanos, Sarracenos).
Sobre a relação entre Évora e os
celtíberos, estudos indicam que, a palavra e o lugar podem estar ligados a uma
antiga divindade celta cultuada na região: Eburianus cujo símbolo é a árvore do
Teixo. Houve tempo em que os lusitanos chamavam a atual localidade de Évora de
Eburobrittium.
Segundo o Livro de São Cipriano
Segundo o livro de São Cipriano
[o feiticeiro, século III d.C. anos 200], capa de Aço, no tempo em que os
mouros viviam na região portuguesa de Évora, o rei mouro Praxadopel ali
construiu um castelo, em Montemur.
"Nesse lugar, hoje chamado
Castelo de Giraldo [referência a Geraldo, o Sem Pavor – ... -1173? herói da
reconquista da terra lusa ocupada pelos mouros], transformado em ruínas pelo
passar dos séculos, em meio às pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de
lobos e chacais, no fundo da propriedade, ocultos embaixo de montes de pedras,
no Túmulo de Montemur, foram encontrados os restos mortais de sete pessoas e
pergaminhos escritos por Lagarrona, a Feiticeira de Évora (também chamada
Lagardona ou La Guardona)."
Os mouros, povos do oriente
médio, somente poderiam ter ocupado a região depois período de expansão dos
domínios árabes em suas incursões em território europeu, em uma época,
portanto, pós-fundação do Islamismo. Porém as referências à uma bruxa de Évora
remontam aos primeiros séculos do Cristianismo, por volta do século III,
coincidindo com o período de vida de do bruxo Cipriano. Eis uma prova da
dificuldade de identificar a historicidade dessa feiticeira tão famosa.
Folclore da Bruxa de Évora em Portugal
No tempo em que os mouros viviam
na região portuguesa de Évora [e os mouros chamavam a cidade de Yeborath a
Liberalitas Julia da época da dominação romana], o rei mouro Praxadopel ali
construiu um castelo em Montemur [região vizinha de Évora cujo centro é a
cidade de Montemor].
Nesse castelo, hoje chamado
Castelo de Giraldo, transformado em ruínas pelo passar dos séculos, em meio às
pedras, louvado nas noites escuras pelo uivo de lobos e chacais, que, no fundo
da propriedade, enterrada entre montes de pedras, está o Túmulo de Montemur.
Nele foram encontrados os restos mortais de sete pessoas e pergaminhos
[supostamente] escritos por LAGARRONA, a feiticeira de Évora.
Frei Antão de Sis, estudioso dos
fenômenos mágicos e da feitiçaria, através dos pergaminhos, encontrou a casa da
bruxa, ainda em pé, apesar do tempo. Descreveu-a como uma casa diabólica... No
meio dela havia uma cova da altura de um homem. As paredes internas estavam
repletas de desenhos representando lagartos, cobras, lagartixas caracóis, rãs, escaravelhos,
símbolos egípcios, vespas, baratas e outros bichos peçonhentos.
Do lado de fora, havia quatro
sapos e várias figuras de meninos tendo nas mãos molhos de varinhas de ervas
com os quais ameaçavam os sapos. Ainda dentro da casa, em dos cantos dessa casa
mal-assombrada havia a escultura de pedra de um cavalo-homem, como um centauro.
Noutro lugar, outra estátua, esta, a de uma mulher-serpente. Em certo ponto do
chão ladrilhado com cerâmica negra, uma inscrição:
O primeiro a abrir esta cova
Verá coisas jamais vistas
Cava por diante para que resistas [enfrentes]
ao grande temor que seu peito prova
Verás sortilégios mágicos que prendem os homens,
o filtro do amor que amarra as mulheres.
Não temas, não temas. Não mostres temor:
acharás sucessos, magia e amor
e, por certo, em tudo será vencedor.
Gran libro de San Cipriano o los
tesoros del hechicero, 1985
A bruxa de Évora Nos Livros
Em Portugal a Bruxa de Évora é o
modelo de bruxa. Mas não somente em Portugal: este modelo de bruxa está na
fantasia de toda a Península Ibérica e nos territórios que foram descobertos e
conquistados pelos grandes navegadores ibéricos da Idade Moderna.
No primeiro, no que se refere à
biografia da Bruxa, o que se encontra, logo no primeiro capítulo é uma
reprodução e/ou tradução de outro texto de autor praticamente desconhecido:
capítulo do Livro de São Cipriano, sabe-se lá em qual de suas repetitivas
versões mas, muito possivelmente da edição em espanholGran Libro de San
Cipriano o los tesoros del hechicero.
O capítulo, intitulado La
Hechicera de Evora o Historia de La Siempre Novia (Siempre Novia, referência
uma das lendas mais difundidas sobre a Bruxa) teria sido, supostamente,
extraído [todo o capítulo] de um manuscrito cujo autor é um certo [ou incerto]
Amador Patrício.
Outro supostamente episódio
biográfico sobre a Bruxa relata o paradoxal encontro da Feiticeira com o Bruxo
Cipriano, já cristianizado mas ainda especialista em bruxedos. O caso é
conhecido com O Encontro de São Cipriano com a Bruxa de Évora. Neste encontro,
Cipriano não parece um discípulo diante de uma antiga mestra. Ao contrário, é a
bruxa, já em avançada idade que recorre ao novo cristão para realizar um
feitiço que lhe renderia [a ela, bruxa] bom dinheiro. Trata-se dofeitiço da
cobra grávida, para segurar marido.
O ex-bruxo propõe uma barganha: a
conversão da bruxa ao Cristianismo em troca da fórmula mágica. A bruxa aceita e
eis a feiticeira de Évora transformada em penitente velhinha cristã. Ao final,
a receita profana, destinada a recuperar o marido da contratante, uma jovem
senhora da nobreza, pede o favor para a réptil gestante [a cobra grávida!] mas,
isso em nome de Deus e da Virgem Maria! Uma combinação extravagante de feitiço
pagão e reza cristã.
Santander, autor deste livro, O
Livro da Bruxa ou Feiticeira de Évora, este autor é tão difícil de identificar
e datar quanto a própria Bruxa de Évora. Ele começa sua obra sem qualquer
introdução, identificando o período de vida da personagem que dá nome ao livro
com o tempo da dominação Sarracena na península Ibérica, ou seja entre o século
VIII e começo do século XII.
Escreve Santander: No tempo em
que os mouros viviam na região portuguesa de Évora... E ao longo do capítulo
descreve o que seriam os últimos anos de vida da Bruxa, claramente qualificada
como Moura, muçulmana. No relato, a feiticeira tem um filho adulto e mau.
Chamado Candabul, desejou possuir uma jovem donzela cristã. A bruxa ajuda no
rapto da moça, providencia a morte por enfeitiçamento todos os pretendentes
dela. Mas o mal-feitor é preso e condenado à morte. Mais uma vez a bruxa
interfere e se empenha em produzir mágicos meios de fuga para Candabul.
O fantasma da Bruxa
Caçada pelos agentes da Lei,
depois de várias peripécias, ela acaba morrendo durante um acidente na
realização de um de seus feitiços, que fazia em uma tentativa desesperada de
escapar da Justiça. Quando chegaram os soldados, encontraram-na morta. Não foi
sepultada. Como punição post-mortem, foi pendurada na porta da própria casa e
ali ficou apodrecendo e sendo devorada pelos abutres e vermes. O cadáver,
lentamente virando ossada, oscilando ao sabor das ventanias, era uma visão
macabra que parecia vigiar o lugar e a bruxa morta passou a ser chamada de La
Guardona [ou, as corruptelas, Lagarrona e Lagardona], algo como A Guardiã... da
casa, de suas ruínas e arredores. O local, naturalmente, passou a ser temido e
considerado como assombrado [Gran Libro de San Cipriano o los tesoros del
hechicero, 1985].
Lendas, Fórmulas e Segredos
Torna-se claro que os relatos
sobre a bruxa de Évora são de fato, um conjunto de lendas e seus supostos
escritos são de origem desconhecida, excertos de Grimórios mais antigos de
autoria igualmente duvidosa. Alguns são atribuídos a este ou aquele mestre mais
conhecido na esfera do folclore, da cultura popular, como Alberto, o Grande,
Papa Honório, bruxo Atanásio e o próprio Cipriano, o feiticeiro.
Muitas das receitas dos Grimórios
são fórmulas de remédios caseiros, acervo de um saber muito útil em uma época
em que a medicina dispunha de toscos recursos e médicos com estudo eram poucos
e para ricos. Muitos dos Segredos da Bruxa revelados no livro de Amadeo de
Santander fazem parte da sabedoria popular dos curandeiros e curandeiras de
linhagem imemorial, uma herança que durante muito tempo foi preservada e transmitida
através da cultura oral.
A própria Bruxa apresentada por
A. de Santander em sua pretensa-original tradução-reprodução do Único e
autêntico manuscrito comprovado pelos sábios da Galícia extraído do Flor
Sanctorum, datado dos tempos dos mouros de Évora, a feiticeira comenta
revelando algo possivelmente verídico na vida de muitasBruxas de Évora: que
seus conhecimentos foram-lhe ensinados pela mãe, segredos passados de geração
em geração. Explicando a Cipriano em que consiste o seu [dela] feitiço da Cobra
Grávida Para Prender Marido ela revela algo de recorrente na biografia dessas
bruxas de Encruzilhadas:
É pele de cobra com flor de suage
[ou sage, Artemisia vulgaris ou, ainda, flor-de-são-joão, erva-de-são-joão,
artemísia-verdadeira, losna, absinto.L.C.] e raiz de urze [Erica Lusitanica ou
torga e/ou Calluna vulgaris] que estou queimando em nome de Satanás, para
defumar as roupas do duque [o Grão Duque de Terrara] e ver se o desligo daquela
mulher [uma amante]. Esta mágica foi sempre infalível quando minha mãe a
praticava debaixo dessas abóbodas em que as mãos dos homens não tomaram parte.
Minha mãe desligou com ela [a tal magia] mancebais[relações extraconjugais] de
nobres e monarcas...
(SANTANDER, p 13)
Compilados em manuscritos
medievais, organizados em volumes raros, artesanais, ornados com finas
iluminuras, a grande enciclopédia dos saberes populares, pagãos, curiosamente,
começou a ser organizada, não raro, pelo monges escribas das grandes escolas e
bibliotecas de mosteiros da Cristandade medieval. Provavelmente foi da pena dos
monges que surgiram os primeiros Grimórios e/ou Engrimanços. Com o advento e
evolução da imprensa, ou seja, depois de Johannes Gutenberg [Johannes
Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, 1398-1468 – alemão, considerado inventor/introdutor
da imprensa no Ocidente], esses conhecimentos documentados em registros
escritos tornaram-se disponíveis em numerosas cópias que ganharam o mundo em
letras de forma, em publicações variadas, de folhetos baratos, almanaques de
curiosidades até custosas e exclusivas edições.
A Bruxa de Évora por Maria Helena Farelli
Em A Bruxa de Évora, Maria Helena
Farelli (2006) apresenta a personagem como arquétipo folclórico
luso-hispano-brasileiro, com ênfase nas raízes portuguesas da lenda, já
devidamente hibridizadas entre: 1. o druidismo celtíbero doméstico; 2. o culto
romano à deusa Diana [correspondente à grega Artemis], cujas ruínas do templo
ainda podem ser visitadas em Évora; 3. a figura mítica da moura feiticeira,
freqüentemente apresentada, simplesmente e depreciativamente como aMoura Torta,
um modelo de bruxa, tudo isso misturado ao – 4. ritualismo cristão das orações
e adoração dos santos e das relíquias e nome sagrados.
Em Farelli (2006), a narrativa
passa, como é necessário, pela história da nação lusitana, detendo-se em
período em que a cultura popular mística-religiosa já tinha absorvido elementos
que ficaram como herança do tempo da dominação islâmica-sarracena em toda a
península Ibérica. Boa parte dessa herança consiste no universo misterioso na
magia semita, caldaica, mesopotâmica: dos magos-alquimistas, astrólogos,
videntes, quiromantes, necromantes – invocadores de gênios e espíritos dos
mortos, magia-negra, também, sim, da mais antiga tradição árabe, pré-Islã.
Segundo Farelli a Bruxa de Évora era a ...guardadora dos segredos dos feitiços
do Oriente, a que voava em camelos alados... (FARELLI, 2006 – p 15).
Sobre o sincretismo no qual foi
forjada a Bruxa de Évora, a autora escreve: ...o português sempre acendeu uma
vela para Deus e uma para o outro. Até na Igreja ele fazia mirongas... Até os
padres eram acusados desses feitos. Mas os considerados grandes bruxos eram os
mouros e os judeus... (Idem, p 29). E mais: ...segundo a lenda, a Bruxa de
Évora era moura... árabe ou mourisca... morena... (Ibid., p 29).
Bruxa Erudita
Em relação à aparência, A Bruxa
de Évora (FARELLI, 2006) apresenta o arquétipo folclórico da personagem em sua
velhice. Esta esta é uma daquelas bruxas velhas e esquivas dos contos infantis.
Mas, ao contrário do modelo da curandeira intuitiva, analfabeta, camponesa
ignorante cujo conhecimento é todo proveniente de experiência pessoal e herança
de tradições orais, em Farelli (Idem) a bruxa de Évora é praticamente uma
erudita. Alfabetizada, poliglota, ela fala, lê e escreve em português [o
gentílico da época], árabe e latim.
Sem citar sua fonte de
informação, a autora enfatiza: Sabia matemática... reconhecia as estrelas,...
sabia ler a sorte nas areias... Ela conhecia a magia de seus ancestrais
muçulmanos* mas, vivendo no século XIII [anos 1200], também sabia [da magia]
dos celtas... (FARELLI, 2006 – p 33). Todavia, a moura pagã era, ao mesmo
tempo, devota cristã: ...a velha bruxa já tinha feito a peregrinação a Santiago
de Compostela [tradição cristã]... Já tinha ido à Sé de Braga, muitas vezes,
pagar promessas... (Idem) ...E, ainda: ...a bruxa de Évora não era uma
herética. Era uma mulher que conhecia as rezas (Ibid., p 41).
Além disso, essa Bruxa de Évora
era uma senhora em situação social e de comportamento atípicos para sua época.
Vivia bem [ou seja, não passava dificuldades financeiras, materiais]. Tinha
dinheiro proveniente da prestação de seus serviços mágicos e/ou
técnicos-científicos. Porém, consciente do espírito dos tempos medievais, não
ostentava riqueza ou poder. Era discreta, sabiamente. Andava pobremente
vestida, Era seu jeito de ficar invisível e evitar confrontos com as
autoridades religiosas.
Flos Sanctorium ou Flos-Santorio: Flor dos Santos
Como todo ocultista, seja leigo
ou erudito, considerando uma figura histórica da Bruxa como precursora ou
símbolo de um mito, a Bruxa de Évora, alfabetizada que era possuía ou devia
possuir seu próprio Livro [ou livros] de estudos e anotações contendo fórmulas
de elixires, ungüentos, poções, rezas, rituais e outros saberes. Nos meios
exotéricos, o livro de registros pessoais de uma bruxa é chamado Livro das
Sombras.
Um possível Livro da Bruxa de
Évora seria – ou foi e é, um objeto que, se autêntico, atraiu e atrai
curiosidade e cobiça proporcional à força lendária de sua suposta autora. Um
objeto digno de um Museu de história da cultura ocidental. De fato, este Livro é
um dos elementos mais explorados do folclore em torno da Bruxa; explorado,
inclusive, no mercado editorial.
Porém, o texto que tem
atravessado séculos e que Amadeo Santander reproduz em seu Livro da Bruxa
(s/data), este texto é uma mutação de autoria desconhecida o suficiente para
ser considerado de domínio público. Na folha de rosto de uma edição recente
Santander e/ou a editora [seja lá quem for este autor] declara que a obra
reproduz o único e autêntico manuscrito... [cópia] do original extraído dos
Flos Sanctorum, datado do tempo dos mouros de Évora.
Esta informação é uma
encruzilhada na pesquisa: ocorre que o Flos Sanctorum [ou Florilégio dos
Santos, Flor dos Santos] a princípio, é Hagiografia: um livro que reúne
biografias de santos [?!]. E a situação se complica posto que o Flos Sanctorum,
segundo estudos é, por sua vez, reedição de um livro mais antigo, A Lenda Áurea
ou A Legenda Áurea que também é, essencialmente, coletânea de vidas de santos,
escrito-compilado por Jacobus de Voragine [1230-1298, italiano, religioso
dominicano, arcebispo de Gênova], datado em em torno do ano de 1260.
A questão é: como pode, o Livro
da Bruxa apresentado por A. Santander ser extrato, derivação de um Flos
Sanctorum de qualquer século? Tudo indica que o Livro da Bruxa não é, de modo
algum derivado de manuscritos de uma Bruxa de Évora. O nome da Bruxa, nesse
caso, tal como no caso do penitente Bruxo Cipriano é usado como atrativo de
mercado. Caso simples de propaganda enganosa. Em ambos os casos, os Livros
atribuídos aos lendários autores são coletâneas de simpatias e receitas
populares, tradicionais, resgatadas do acervo da cultura oral, misturadas com
rezas e saberes práticos destinados a solucionar os problemas do corpo e da
alma do Homem medieval.
Sobre o Livro de A.Santander
O Livro da Bruxa
No livro de A. Santander as
receitas mágicas, feitiços, oráculos, começam no CAPÍTULO III com uma técnica
muito útil, atemporal! que pode funcionar em qualquer época, para as mulheres
se livrarem dos homens quando estiverem aborrecidas de os aturar. A seguir, uma
receita infalível para as mulheres não terem filhos, tão útil quanto anterior
ou mais, método bastante tradicional, utilizando esponjas do mar introduzidas
na vagina antes do coito, truque já usado no Egito Antigo, por exemplo. Há
magias para sedução, rejeição e fidelidade, para prosperar no trabalho honesto
ou desonesto. Oferece proteção contra inimigos, oráculos para saber do presente
e do futuro, feitiços e contra-feitiços.
O CAPÍTULO IV resgata a figura do
mago egípcio Janes [que, juntamente com seu parceiro, Jambres], que confrontou
Moisés e Arão diante do Faraó com uma disputa de poderes mágicos. Este
personagem, o mago egípcio Janes, pouco lembrado nos dias correntes, também é
citado nos Livros de são Cipriano, fortalecendo as alusões a uma ligação,
mestra-discípulo entre o Santo Bruxo e a Bruxa de Évora. Em uma das versões da
fim da vida da Bruxa, ela é convertida ao cristianismo por Cipriano e termina
sua vida como devota católica e aia [camareira pessoal] de uma aristocrata.
Neste capítulo, continuam sendo
listadas magias relacionadas com questões mundanas, cotidianas, incluem ainda,
receitas de beleza: Para conservar a formosura, para afinar, limpar e clarear a
pele, tingir os cabelos. Em uma das fórmulas o mago Jambres promete: ...Fazer
sumir do corpo e do rosto as verrugas, manchas e outras excrescências da pele.
O CAPITULO V é dedicado à
Pastoromancia, denominação imprópria, refere-se à chamada, por ocultistas como
Eliphas Levi [Alphonse Louis Constant, 1810-1875] e Papus [Gérard Anaclet
Vincent Encausse, 1865-1916], magia dos campos, da tradição dos pastores da
Sicilia, Itália. E não são propriamente magias.
São receitas, mais
especificamente, medicinais, parte do arsenal curativo popular dos precários
tempos medievais. São remédios e rezas para combater, solitária [Taenia solium,
verme platelminto], hemorróidas, lesões musculares, surdez, dor de dentes,
feridas, úlceras, hemorragias, queimaduras, picada de insetos e animais
peçonhentos e, é claro, receita contra calos e verrugas.
O CAPITULO VI promete revelar o
segredo alquímico da arte de fazer ouro. Porém, como sempre acontece nesse tipo
de "literatura" o texto nada fornece de aproveitável sobre o tema.
Aliás, passa longe de qualquer fórmula de produzir ouro.
São mencionadas algumas
substâncias muito usadas noutras operações mágicas registradas noutros manuais
do género. Tais substâncias seriam ingredientes-chave da transmutação de
materiais ordinários no precioso metal. Escreve Santander: Não faltam nos
livros verídicos [?] exemplos que comprovem essa operação. E ainda: Esta arte é
de grande facilidade [!] mas exposta a graves perigos porque não se pode
executar em a cooperação do demónio (SANTANDER, p 59).
É o demónio quem prepara e
fornece certos pós empregados na transmutação. Dois metais e uma outra
substância são mencionados como ingredientes essenciais: argenteo vivo [possivelmente
interpretável como Alumínio (Al) mas muito mais provável que seja redundância
esclarecendo o azougue como sendo e elemento Mercúrio cujo símbolo é Hg provém
da designação latina – hydrargyrum que significa prata líquida.
De fato, o Mercúrio assemelha-se
a uma prata buliçosa e vívida [por sua consistência entre o fluido e o gel];
daí também a denominação azougue [para o mercúrio], aludindo a algo buliçoso,
que não para quieto. Finalmente, entre os ingredientes da transmutação
comentada em O Livro da Bruxa é mencionado um misterioso pó de Resh. (Para
saber mais sobre alquimia, procure sobre o post relacionado aqui no site).
CAPÍTULO VII – TESOUROS DA GALIZA
-Galiza ou Galícia é uma comunidade autônoma espanhola, fronteira com Portugal,
situada a noroeste da Península Ibérica. Sua capital é Santiago de Compostela,
na província da Corunha. As informações sobre estes tesouros foram alegadamente
extraídas de um pergaminho que teria sido encontrado nas ruínas do castelo
mourisco de Altamira no ano de 1065.
Sobre o paradeiro do pergaminho
(no século XX) diz o autor (Santander) que encontra-se [ou encontrava-se...] em
Barcelos, [cidade portuguesa, norte do país], na Biblioteca Acadêmica
Peninsular Catalã.
Muito danificado, o pergaminho
tem partes carcomidas e em alguns casos não se entende bem (SANTANDER, p 63].
Na verdade, todo o texto sobre os supostos Tesouros da Galiza não se entende
nada bem, por exigüidade de informações e/ou por arcaísmos nas denominações
topográficas, medidas de distância e valores.
Os termos usados nos textos dos
173 (cento e setenta três) segredos estão repletos de termos muito antigos.
Exemplos: Encruzilhada de Lobios, distância de 32 homens... depositamos 500
cunhos, na ponte do Poderoso, à profundeza de dois homens...[na]... residência
de frei Tramudo... um haver de prata em rama... entre dois troncos de pinheiro,
etc.
Deste modo, as dezenas de
segredos que deveriam revelar ou fornecer chaves de localização de tesouros,
parecem nada significar; de nada servir aos caçadores das arcas e das botijas
perdidas.
Todavia, se um crédulo ou teimoso
arriscar apostar em algumas das 173 dicas vai precisar estudar exaustivamente
para decifrar/traduzir os nomes de localidades, que mudaram muitas vezes,
identificar personagens históricos, descobrir e converter para termos atuais
valores das distâncias e das supostas riquezas.
CAPÍTULO VIII – ORÁCULO DOS
SEGREDOS REVELADOS PELA FEITICEIRA DE ÉVORA
São 108 estes segredos que o
autor (Santander) classifica como maravilhosos. Porém o capítulo, na realidade
apenas reúne mais receitas, cujo teor oscila entre a superstição e o
curandeirismo mais popular.
Pretender fornece fórmulas para
uma miríade de problemas da condição humana: desde a prática de proezas
sobrenaturais, remédios caseiros para questões domésticas mais ou menos
ordinárias ou, ainda artifícios para alcançar desejos pouco louváveis e,
certamente, nada cristãos.
Em termos gerais trata da saúde e
higiene básicas, das virtudes de certas substâncias e de outras coisas, dos
truques mágicos para obter vantagens, das operações consideradas sobrenaturais,
como a levitação. São outros exemplos desses segredos textos que tratam de
assuntos como:
Em saúde e higiene – Cura de
dores de cabeça, evitar pulgas, carrapatos, percevejos, piolhos, formigas,
moscas; são remédios par lombrigas, tosse, catarro. diarréia, desinteira; para
evitar a sarna, para conhecer enfermidades pelo exame da urina, para manter a
castidade, para cobrir os cabelos brancos. Para manter a castidade...
Sobre virtudes de substâncias e
de certas coisas – Do vinagre, da urina, do ovo, da Genebra, da Artemísia, do
Jacinto, do sono, de peles descartadas na muda das cobras. Para conhecer as
enfermidades pelo exame da urina. Sobre as virtudes do sono.
Prodígios – Tirar o sal da água
do mar. Separar água e vinho. Para que um cavalo pareça manco não sendo. Para
não sentir tédio nem cansaço em uma jornada. Para o fogo não queimar. Descobrir
infidelidades. Fabricar uma lâmpada invisível.
CAPÍTULO IX – FRENOLOGIA,
ANTROPOMETRIA & FISIOGNOMIA
Trata-se de conhecer os
indivíduos pelo estudo ou leitura do Crânio [fenologia], das Proporções e
aspectos das partes do Corpo [antropometria] e dos traços do rosto
[fisiognomia]. Capítulo bastante curioso que, muito provavelmente, mistura
sabedoria popular com idéias científicas que tornaram-se populares.
Além disso, esse tipo de
conhecimento é matéria essencial para qualquer magista e/ou ocultista, uma tema
especial entre todos os tópicos dos estudos das Ciências Humanas [no
ocultismo].
Embora estas ciências tenham
origens muito antigas, o texto de Santander em O Livro da Bruxa é fundamentado
nos estudos do médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828, que mapeou crânio e
cérebro segundo suas supostas funções): Gall, o notável médico e fisionomista...
é o autor deste engenhoso sistema, que ensina a descobrir, por claríssimo modo,
as inclinações, vícios, paixões e virtudes de todas as pessoas pelo simples
exame e configuração do crânio. ...Não se pode por em dúvida a lógica desse
sistema. ... Os homens mais notáveis, tanto por seus talentos como por seus
crimes, raras vezes apresentam cabeças regulares[SANTANDER].
Santander fornece a lista das
faculdades cerebrais, que são trinta associadas a trinta regiões
crânio-cérebro, mas não apresenta o mapa concebido por F. J. Gall. A seguir
passa a tratar da fisiognomia, estudo dos traços e formas do rosto fornecendo
algumas dicas sobre a leitura dessas características: formato, tamanho dos
olhos, nariz, testa, boca, dentes, queixo, orelhas, mãos, pés.
Também fala dos tipos físicos
como um todo, considerando altura, compleição, postura. Porém, o estudo
apresentado por Santander muito superficial se comparado a outros publicados
por ocultistas mais eruditos, como Papus [Gerard Anaclet Vincent Encausse, 1865-1916].
CAPÍTULO X – CARTOMANCIA
Neste penúltimo capítulo, mais
uma vez, misterioso manuscrito revelaria a técnica da suposta Bruxa de Évora no
ofício oracular de ler o destino das pessoas nas cartas de um baralho comum.
Na misérrima choça que abrigava a
bruxa, sua última morada antes da condenação e num falso compartimento que lhe
servia de dormitório, foi achado um manuscrito esta nova arte de deitar as
cartas, a que demos o nome de cartomancia cruzada e, ao que parece, [desta
técnica] a feiticeira começou a fazer uso depois de ter-se indisposto com
Satanás [supostamente, a Bruxa converteu-se ao Cristianismo por influência do
também ex-feiticeiro Cipriano – [p 139].
Observação: Na cartomancia, as
cartas podem deitadas [tiradas e postas na superfície de um plano] em
disposição linear, uma ao lado da outra, é muito comum. A forma cruzada dispõe
as cartas de modo a formarem a figura de uma cruz, com uma tiragem de cinco
cartas, por exemplo. Isso isentaria a prática de tirar a sorte do estigma do
pecado que consiste, justamente, em fazer uso de oráculos. Meditemos...
CAPÍTULO XI – SOBRE ASSOMBRAÇÕES
Finalizando o Livro, Santander
apresenta uma pequena coleção de casos de assombrações, sem faltar a célebre
casa assombrada de Atenas e referências a personagens do folclore histórico,
especialmente da península Ibérica, como: o Frade da Mão Furada e a Velha nos
telhados das casas. Crenças que chegaram ao Brasil colônia como atestam
pesquisas de estudiosos do assunto.
Fonte: http://brunoalinesobrenatural.blogspot.pt/2011/04/bruxa-de-evora.html
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Programa 5 Bandas Ibericas
Ya está disponible para escuchar el podcast del nuevo
programa de Galdralag Radio con un especial de Bandas de la Peninsula Iberica:
- ARDE FERO
- AZAGATEL
- SANGRE DE MUÉRDAGO
- ÁNGEL ROMÁN
- KELTIKA HISPANNA
- CUELEBRE
- URZE DE LUME
- CAELIA
- WIHINEY
RITA
- STILLME
- THE WYRM
- SILENT LOVE OF DEATH
- ÁRNICA
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Larouco
Parece boa de mais para ser
verdade, esta descoberta.
Para os estudiosos do tema e para
os pagãos nacionais, encontrar finalmente uma imagem de uma das principais
Divindades dos Ancestrais Lusitano-Galaicos é como para um alquimista descobrir
a maneira de transformar o chumbo em ouro.
Tornou-se já comum, na
investigação actual do tema, considerar que o «Deus do Larouco» das inscrições
romanas da Serra do Larouco, isto é, Larauco, é o Júpiter local, ou seja, o
Deus do Raio e das Alturas destas populações pré-romanas e romanizadas,
eventualmente o mesmo que Reve, uma das principais Divindades nacionais da
Galécia e da Lusitânia.
Ora este achado bate certo, pelo
menos em larga medida, com esta teoria, uma vez que o machado ou maço, que se
vê na mão direita da figura, corresponde ao clássico machado/martelo de um dos
principais e mais arcaicos arquétipos do Deus do Raio indo-europeu, que é Tor
entre os Germanos, Perkunas entre os Baltas e Perun entre os Eslavos. Também o
Júpiter Doliqueno tem um machado nas mãos, nomeadamente um machado duplo,
também conhecido como bipene ou lábris.
A ligação estabelecida nesta
página
http://www.manuelgago.org/blog/index.php/2012/01/25/mirarlle-a-cara-a-un-antigo-deus/
entre esta figura que aparece em Vilar de Perdizes e a do céltico irlandês
Dagda, e a do gaulês Sucellos, está também muitíssimo bem observada, uma vez
que tanto uma como outra são itifálicas, além de terem um maço de duas
extremidades na mão, o qual, no caso de Dagda, mata com um dos lados e dá vida
com o outro.
Particularmente interessante é
ainda a parte em que o padre Fontes diz que está contente por ter descoberto
este elemento da sua religião... da primeira vez que o diz, no vídeo, parece
ter cometido um simples lapso, querendo na verdade referir-se à sua pesquisa,
não à sua religião, mas no fim volta a dizer que aquela é de facto a sua
religião, por ser a religião dos seus ancestrais... Não há-de ser coisa que os
seus superiores hierárquicos do Estado Papal o gostem de ouvir dizer, mesmo que
Fontes afirme que está só a querer dizer que «universalmente os Povos adoram
Deus». Enfim, a guerra religiosa que o Cristianismo moveu contra o Paganismo
ancestral, pelo próprio Fontes referida no início da entrevista, parece ter
soçobrado ao nível da religiosidade popular...
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Canção ao Sol
Subindo as escadas do templo natural de nossos corações,
Nós saudamos o Sol!
Bendita Luz…
O seu toque cálido anima os nossos veículos de argila esculpidos pela Mãe Terra.
Nós subimos com honra e reverência saudando a aurora.
Vem, Ó Doador da Vida!
Nós lhe recebemos no centro do peito.
Nós lhe damos as boas vindas em nossas vidas.
Os nossos olhos brilham refletindo a sua beleza fulgurante.
Vem, Ó Radiante!
Enche-nos com a sua radiância natural.
A madrugada escura, ventre da sua aurora, deu passagem
Aos seus raios, filhos gloriosos da manhã.
Amigo de nossas vidas, nós lhe saudamos!
Em seu abraço luminoso nós começamos mais esse dia, sua dádiva de luz.
Em sua luz embalamos nossos filhos e netos.
E ensinamos a eles o valor de sua luz e a dádiva deste dia.
Falamos a eles do valor da vida.E os ensinamos a dança da luz.
Vem, Ó Amigo da natureza!
Nós lhe agradecemos a dádiva deste dia.
E que ele seja próspero!
E que os nossos corações sejam luminosos e generosos.
Salve Sol!
Salve, Ó Radiante!
Pai da Luz, Pai de nós todos!!!
domingo, 5 de janeiro de 2014
Mitologia portuguesa
A mitologia portuguesa é herdeira
de um caldeirão de povos e culturas, com mitologias bastante diversas entre si,
que deixaram um fértil legado imaginário. Engloba o conjunto de narrativas
maravilhosas e lendas sobre personagens e suas façanhas, fenómenos naturais e
objectos extraordinários ou regiões fantásticas, com características
sobrenaturais, transmitidas de geração em geração, no decorrer dos séculos,
tanto no campo literário como no da tradição oral.
Origens pré-romanas
A mitologia portuguesa tem como
base a mitologia dos povos autóctones da Lusitânia pré-romana, legado este que
não sobreviveu à conversão para o cristianismo. No entanto, é possível que
alguns elementos tenham sido preservados e cristalizados nos contos e tradições
populares, assim como em diversos hagiotopónimos. Como afirmou Leite de
Vasconcelos.
“[...]seria fácil mostrar como
das épocas mais antigas da Lusitânia, ainda mesmo dos tempos pré-históricos,
até hoje se têm mantido muitas crenças, costumes, etc., e como a maior parte
das lendas da nossa Igreja e usos cristãos derivam do paganismo.”
A mitologia lusitana, sob a forma
de testemunhos esculpidos na pedra, revela a existência de uma miríade de
divindades das quais se destacam Atégina, Bandua e Endovélico.
Estrabão, nos raros relatos sobre
os costumes nativos, diz que no cabo Sagrado, o lugar onde os deuses reuniam-se
de noite, havia diversas pedras, amontoadas em grupos de três ou quatro, que
eram viradas ao contrário pelos visitantes e que, após um ritual em que estes
ofereciam uma libação, as pedras tornavam a ser reviradas na sua posição
anterior. Este seria um dos relatos mais antigo de um culto das pedras, penedos
e montanhas que a tradição preserva ao longo do tempo em crenças como a da
procissão infantil para pedir chuva, nos moledros dispersos pelas paisagens,
nos Fiéis de Deus venerados nas beiras dos caminhos, na pedra de raio que
Solino comenta ser objecto de culto pelos lusitanos, ou mesmo na lenda da
pedra-moura. Associada a um culto solar ou ritual de fecundidade, a Nossa
Senhora d'Antime, também chamada Senhora do sol, uma pedra tosca de granito metamórfico,
apenas com o rosto esculpido; é a sobreposição de um culto cristão a um ritual
pagão. Os frades de pedra são associados a um culto fálico pré-romano, também identificado
nas estátuas-menir da idade do bronze, assim como a tradição do levantamento do
mastro de Fonte Arcada e o cortejo do Pinheiro das Festas Nicolinas.
O culto das cabeças cortadas
representado nas esculturas e artefactos galaico-lusitanos que supõe-se ser um
ritual religioso de origem celta, relacionado a divindades associadas a cultos
agrários, funerários e guerreiros ao qual Rafael Loureiro indica haver uma
continuidade na tradição das caveiras iluminadas, que chamam-se em Portugal de
coca ou coco. Um ser que Gil Vicente chama de demo no Auto da Barca do
Purgatório e que foi ao longo dos séculos representado nas festas do Corpo de
Deus por um dragão e nas procissões pelo faricoco (do latin far,farris14 mais
coco) e que deu o nome a um traje ainda em uso no início do século XX, a coca.
Aos rituais do solstício de
inverno e mesmo os que se celebram no equinócio da primavera, segundo Hélder
Ferreira que lhes atribui uma origem celta, estão associadas às máscaras
ibéricas. E a esta tradição associa-se uma outra também milenar a dos Madeiros,
fogueiras da Páscoa e galheiros ou cambeiros.
Contributo Romano
Após a conquista romana da
península Ibérica e subsequente romanização, fruto de um lento processo de
aculturação mais evidente a partir do século II d.c, os nomes das divindades
indígenas são frequentemente latinizados pela sua similitude fonética ou
simplesmente associados, pela similitude das funções e qualidades, aos deuses
greco-romanos como por exemplo se verifica com o Ares Lusitani ou o Mars
Cariocecus. O culto dos deuses romanos foi divulgado, principalmente, pelos
burocratas da administração central e pelos militares. No entanto, Roma parece
não ter imposto os seus deuses e práticas religiosas às populações locais o que
terá permitido uma certa tolerância às crenças indígenas,que fez com que se
desenvolvessem, de forma natural, fenómenos de aculturação, embora nos meios
rurais, nas zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos, os fenómenos de
aculturação tivessem tido ritmos mais lentos o que favoreceu a permanência dos
cultos indígenas e quase nenhuma influência romana nestas áreas.
Outras fontes importantes foram
os autores greco-romanos que registaram algumas lendas como a do rei Luso
fundador da Lusitânia, a lenda da fundação de Olissipo por Ulisses, ou a
presença de nereidas e tritões na margem do rio Tejo.
A tolerância religiosa, irá
deixar de existir ainda durante o Império Romano. Os cultos pagãos acabaram por
ser proibidos motivados por interesses de ordem político-religiososa por parte
do clero cristão a partir do momento em que o Império Romano assumiu o cristianismo
como sua religião.
No contacto entre o paganismo e o
cristianismo supõe-se que haja indícios de ter havido em alguns casos uma
sobreposição de cultos, nomeadamente no culto à deusa Atégina, que parece ter
sido substituído pelo culto a Santa Eulália de Mérida, perseguida no período de
Deocleciano, pela similitude dos epitáfios dedicados a ambas.
Também os locais de culto pagão
são identificados nos topónimos de santos arcaicos, de mártires ou outra figura
sacra dos primeiros séculos da Era cristã, venerados por comunidades cristãs
primitivas, quando estes locais sagrados teriam sido cristianizados.
Suevos e Visigodos
Diversos mitos e lendas foram
criados durante a época histórica da criação da nacionalidade e a sua
elaboração foi ganhando contornos mais elaborados ao longo das gerações.
Os mitos portugueses integram
diversos tipos de narrativas, que nos revelam os aspectos da imaginação
nacional portuguesa concentrada em torno do ciclo da vida e da morte e das
forças da natureza, com origem em diversas fontes:
O corpus mítico português
contínua a constituir-se e densificar-se. Desde o século XIX que importantes
contribuições foram feitas na recolha de contos, lendas e folclore.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Máscara Ibérica
A máscara ibérica é a máscara
típica de Portugal e Espanha e segundo Hélder Ferreira "muitas estão
ligadas a cultos celtas, ao solstício de inverno... e mesmo as do Entrudo estão
ligadas a cultos deste tipo como também pode ser o da fertilidade".
Careto de Lazarim |
A "Máscara Ibérica" é o
nome do projecto, do livro e da exposição que envolve a divulgação das máscaras
regionais dos dois países. As máscaras Ibéricas preparam a sua candidatura como
Património Imaterial da Humanidade. Os mascarados têm diversos nomes consoante
a região de onde são:
Chocalheiro da Bemposta |
Careto de Podence |
Máscaro de Ousilhão |
Caretos da Lagoa - Mira |
Cardador de Vale de Ilhavo |
Carocho de Constantim |
Chocalheiro de Vale de Porco |
Estátua de Víbora cornuda
Não é todos os dias que vemos uma estátua dedicada a uma das nossas espécie de anfíbios ou répteis, no entanto a Porta do Mezio do Parque Nacional da Peneda Gerês nos Arcos do Vale do Vez, decidiu decorar o espaço encomendando estatuas alusivas a animais emblemáticos do parque. Uma das espécies escolhidas foi a Víbora-cornuda e a estátua ficou incrível!
http://anfibioserepteis.blogspot.pt/
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