Os nossos Professores Animais.
Os nossos antepassados reverenciavam cada aspecto do mundo natural e
consideravam cada parte deste mundo capaz de ser um aliado, um guia e um
professor. O Druida de hoje é capaz de obter inspiração, direcção e assistência
de cada reino do mundo natural, mas nos tempos antigos talvez isso fosse mais
simples e menos incomum – havia menos “coisas” entre nós e o mundo da Natureza
e a mundovisão predominante considerava que cada parte dela estava imbuída de
vida espiritual e significado. Os animais, em particular, eram reverenciados
pelas suas qualidades e eram vistos como sagrados à Deusa ou aos deuses. Diz-se
que um certo número de tribos ou clãs descenderam de animais, tais como o “povo
dos gatos” na Escócia e as “tribos do lobo”, assim como os “cabeças de cão”, na
Irlanda. Também se diz que algumas famílias tinham antepassados animais. A
foca, por exemplo, era o antepassado original de pelo menos seis famílias na
Escócia e na Irlanda. A maior parte das tribos tinha os seus animais totémicos,
claramente demonstrados nos seus nomes, como os Caerini e os Lugi em Sutherland
(“Povo das Ovelhas” e “Povo dos Corvos”), os Epidii de Kintyre (“Povo dos
Cavalos”), os Tochrad (“Povo dos Javalis”), os Taurisci (“Povo dos Touros”) e
os Brannovices (“Povo dos Corvos”). As famílias também tinham animais
totémicos, visíveis nos seus nomes, nos seus brasões ou nas suas tradições
familiares. Todos conhecemos sobrenomes ingleses que são claramente nomes de
animais, tal como Fox (“Raposa”), e a maior parte de nós conhece o animal que
está relacionado com os nomes de origem clássica, tal como Philip, oriundo do
grego e que significa “amante de cavalos”. Porém, muitos nomes em gaélico vêm
directamente do reino animal e tentámos mencionar tantos quanto possível no
Capítulo Dois d'O Oráculo Animal dos Druidas. Aprender que nomes como “Filho de
Raposa” ou “Pequeno Lobo” eram comuns na tradição nativa britânica faz-nos
sentir mais próximos dos nossos irmãos e irmãs da tradição nativa americana. Os
nossos antepassados adoravam e respeitavam os animais de tal forma que
escolhiam ser enterrados com eles, para os ter como guias e companheiros no
Outro Mundo. Usavam os seus ossos e os seus dentes como amuletos. Usavam as
suas peles para se vestirem e fazerem os seus leitos, para fazerem os seus
escudos, tambores e gaitas-de-foles. Aceitavam as suas peles, os chifres, os
cascos e a carne como dádivas e faziam uso de todas as partes dos animais – até
mesmo os excrementos eram por vezes utilizados para efeitos de cura. Quando
caçavam, pediam permissão à Deusa, antes de se aventurarem a tirar a vida de
qualquer criatura. A caça em si era considerada sagrada e tinha uma série de
tabus para proteger tanto o caçador como a caça. O elo existente entre os
nossos antepassados e os animais era tão extraordinariamente rico que estes se
relacionavam não só com os animais selvagens, mas também com os guardiães,
guias neste mundo e no próximo, curandeiros, amigos e professores. Não é de
espantar que eles os considerassem sagrados e companheiros dos deuses. Apenas
nós, uma humanidade recente e bidimensional, é que vemos os animais como sendo
meramente criaturas “menores”, de inteligência inferior e de pouco valor, para
além do facto de servirem de alimento. Enraizado no Tempo. A reverência pelos
animais e a consciência de que eles são professores e guias é tão antiga como a
própria humanidade. As grutas de Drachenloch, na Suíça, exibem altares com
cerca de 70.000 anos dedicados ao Urso. Nas grutas de Lascaux, em França, as
extraordinárias pinturas de animais e a estátua cerimonial do corpo de um urso
têm mais de 19.000 anos. Os animais eram claramente o centro de uma prática
religiosa desde os primórdios do tempo. Na Grã-Bretanha, num povoado mesolítico
em Yorkshire, encontraram-se hastes de veado com cerca de 10.000 anos que foram
adaptadas para ser ritualisticamente usadas na cabeça. Usar peles de animais,
cabeças e penas era uma forma de identificação com os mesmos, de ser esses
animais por algum tempo, de partilhar dos seus poderes e de receber a
inspiração divina. Na Grã-Bretanha, os nativos ainda faziam isto no séc. VII
d.C. – sendo que Santo Agostinho condenou este “hábito extremamente obsceno de
se vestirem como veados”. Na Irlanda, o Bardo usava o tugen – uma capa de penas
feita com “peles de pássaros, brancas e multicoloridas... da cintura para baixo
e com pescoços de patos bravos e cristas da cintura até ao pescoço”. Para além
de se vestirem como animais, os nossos antepassados sacrificavam-nos e
enterravam-nos ritualisticamente. Qualquer relutância que se possa ter
inicialmente face a este comportamento deve ser temperada com a consciência de
que hoje em dia milhões de animais criados industrialmente são sacrificados
diariamente sem qualquer acompanhamento ou contexto espiritual – ao passo que
os sacrifícios e rituais dos nossos antepassados envolviam um pequeno número de
criaturas e uma consciência profunda da dádiva que o animal estava a conceder
ao ser sacrificado. Parece que os animais eram enterrados cerimonialmente como
uma acção de graças nos silos de cereais subterrâneos quando estes deixavam de
ser úteis e eram selados. É possível que se tenham feito rituais semelhantes
com os animais que acompanhavam os mortos ou que eram enterrados em altares ou
santuários. A importância dos animais na vida religiosa dos nossos antepassados
também pode ser vista no facto de quatro dos oito festivais druídicos do ano,
conhecidos como Festivais de Fogo, estarem particularmente ligados à vida
campestre da pastorícia e e da agricultura, e sabe-se que têm sido celebrados
durante pelo menos os últimos 7.000 anos. O Imbolc, no dia 1 de Fevereiro, é o
tempo do nascimento dos cordeiros, dos vitelos e das primeiras sementeiras. O
Beltane, no dia 1 de Maio, assinala o início do Verão, quando os rebanhos são
levados para as pastagens altas. O Lughnasadh, no dia 1 de Agosto, marca o
início das colheitas e o Samhuinn, no dia 1 de Novembro, assinala o princípio
do Inverno, quando os animais são trazidos até aos vales e se fazem as matanças
para a carne que deve ser conservada. Xamanismo e Animais de Poder. Trabalhar
com animais de poder é uma característica central do Xamanismo e podemos
encontrar inúmeros elementos xamânicos intricados na filosofia e na prática do
Druidismo. Michael Harner, uma autoridade mundial em Xamanismo, fala do caminho
xamânico como algo que se poderia definir como um método para abrir uma porta e
entrar numa realidade diferente. Uma parte significativa da cerimónia e da
meditação Druídicas tem como objectivo viajar até outras realidades, bem como a
palavra “Druida” se relaciona com palavras que significam “carvalho” e “porta”
– sendo que o símbolo da porta ou portal é central nos ensinamentos Druídicos.
Joseph Campbell, o grande mitógrafo, mostrou-nos que existe um conjunto de características
que distingue a arte de um xamã. Estas incluem: a dança ritual, a posse de uma
vara ou bordão, a dança extática, o uso de uma vestimenta animal, a
identificação com um pássaro, veado ou touro, tornar-se senhor dos animais de
caça e das iniciações e o controlo de um animal mágico ou “familiar”. Na
literatura druídica, existem vestígios de possíveis danças rituais nas antigas
danças folclóricas e existem numerosas referências às varas e bordões druídicos
e a estados alterados de consciência ou de êxtase. Todas as restantes
características mencionadas por Campbell relacionam-se com animais e todas
estão presentes na tradição druídica. Já abordámos o uso de trajes animais,
tais como o veado ou o pássaro. Os druidas eram muitas vezes identificados com animais:
eram apelidados de víboras ou leitões, dizia-se que tinham o “conhecimento do
grou, do corvo ou do pássaro” ou recebiam nomes como Mathgen, que significa
Nascido-de-Urso. Os veados e os touros são particularmente importantes no
Druidismo – o veado é um mensageiro do Outro Mundo, montado pelo sábio Merlin,
e o touro é sagrado ao deus Taranis, o beneficente deus do céu, do trovão, do
relâmpago e do carvalho. O touro tem uma presença proeminente na música sagrada
do Druidismo – eram ritualisticamente usados chocalhos de bronze com forma de
testículos de touro, assim como cornos de bronze, que foram encontrados um
pouco por toda a Grã-Bretanha e Irlanda, que muitas vezes se assemelham a
cornos de touro. Estes últimos, quando tocados com o método de respiração
circular usado pelos tocadores de didgeridoo, soam como o bramir dos touros.
Encontramos a imagem do “senhor dos animais de caça” na iconografia e na
literatura celtas. Podem ser vistas imagens de Cernunnos ou do Senhor da Caça
tanto na Grã-Bretanha como em França e a imagem avassaladora do senhor de todos
os animais aparece no Mabinogion galês. Por fim, o controlo de um animal mágico
ou familiar relaciona-se habitualmente com um atributo da bruxa no folclore
britânico, sendo a lebre, a rã e o gato citados como os familiares mais comuns.
Existem muitas ligações históricas entre o Druidismo e a Bruxaria. O Outro
Mundo Celta Um ponto central na mundivisão druídica é a crença de que o mundo
material em que vivemos corresponde apenas a um nível ou plano de existência.
Por detrás e para além deste mundo fica o Outro Mundo, o mundo dos poderes e
das potências, dos espíritos e das forças que nos podem guiar e ajudar, se
simplesmente conseguirmos reconhecer a sua existência e aceitar a sua
realidade. Os animais, em particular, são reverenciados pela sua capacidade de
estabelecer uma ponte entre estes dois mundos. Eles podem trazer-nos mensagens
do Outro Mundo e agir como nossos guias nesse reino, quando nos despojamos dos
nossos corpos na morte. Porque eles têm simultaneamente uma forma espiritual e
uma forma física, podem ser os nossos guardiães e protectores, mesmo quando não
estão fisicamente presentes. Embora cada animal tenha o seu próprio caminho
para o Outro Mundo, um estudo dos animais aqui descritos neste Oráculo irá
demonstrar que eles formam determinados grupos que se adequam particularmente a
certas funções: alguns são mais adequados como guardiães e protectores, outros
como curandeiros, guias, professores, transmutadores de forma ou familiares.
Pode encontrar um guia relativo a estas diferentes categorias na página 163 d'O
Oráculo Animal dos Druidas. É interessante reparar que a grande maioria destes
animais são considerados sagrados à Deusa. Animais Interiores, Animais de
Poder, Guias Totémicos. Trabalhar com o Oráculo Animal pode colocar-nos em
contacto com quatro tipos diferentes de animais. Primeiramente, pode
despertar-nos para a beleza do animal no mundo físico, levando-nos a descobrir
mais acerca da sua vida e dos seus hábitos. Em segundo lugar, pode pôr-nos em
contacto com os nossos “animais interiores”. De alguma forma, os animais agem
como símbolos ideais ou imagens dos nossos medos e ânsias mais profundas ou de
partes da nossa psique que foram negadas, reprimidas ou simplesmente
negligenciadas. Ao acolher e nutrir os animais que entram na nossa consciência
através do Oráculo, em sonhos, meditações ou divagações, enriquecemos o nosso
mundo interior e descobrimos um caminho de crescimento pessoal que está em
perfeita sintonia com o mundo natural. Em terceiro lugar, existem animais de
poder. A tradição druídica, tal como outras vias indígenas, acredita que os
animais também existem sob forma espiritual no Outro Mundo e que, por vezes,
esses animais podem visitar-nos – para nos dar energia ou cura, inspiração ou
conselhos. Porque cada um deles tem um poder específico, dom ou “remédio”, eles
são geralmente chamados de “animais de poder”. O quarto tipo de animais é
conhecido como “totem”. Se optarmos por trabalhar com animais de poder, podemos
acabar por desenvolver uma relação especial com um deles ou mais. Iremos sentir
muitas vezes a sua presença na nossa consciência – guiando-nos, ensinando-nos e
ajudando-nos. Podemos então dizer que estes animais de poder se tornaram os
nossos “totens” ou “familiares”.Philip & Stephanie Carr-Gomm.
Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.
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