Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Torque


O torque é um grande e rígido colar em forma de ferradura, normalmente feito de metais retorcidos juntos, como o ouro, o bronze e a prata. A grande maioria tinha uma abertura na frente, enquanto outros eram feitos de maneira a serem usados permanentemente. Torques menores eram também usados em torno do pulso como pulseiras, no ombro e até mesmo nos seios das grandes guerreiras celtas.


O Torque foi uma importante peça da arte celta, largamente usado desde 1200 aC até 600 dC, inclusive pelos romanos depois da dominação de grandes áreas, que até então eram dominados pelos diversos povos celtas.

O torque inicialmente era um símbolo de nobreza e de status social elevado, também de força e poder. Com o tempo, nas esculturas e nas pinturas, os torques tornaram-se um meio de identificar uma figura como sendo celta ou pertencente a um grupo celta. Por exemplo, o “Gaulês Agonizante”, uma cópia romana em mármore de uma escultura helenística do século III aC., famosa por representar um guerreiro celta,
Os torque também era um adorno presente em grande parte das representações das divindades celtas. O deus Cernunnos é retratado no caldeirão de Gundestrup usando um torque ao redor de seu pescoço enquanto segura outro com uma de suas mãos.O tesouro é composto de 150 fragmentos de torque feitos de ouro, entre eles foram encontrados 70 torques em perfeito estado datados de 70 aC. Embora as origens sejam desconhecidas, a alta qualidade do achado indicam que pertenceram ao tesouro real dos Icenis, um dos grandes povos celtas que dominaram essa região na antiguidade.

A área em torno da vila de Vix, no norte da Borgonha, França é o local de um importante complexo pré-histórico da arte celta do período final de Hallstatt e os primeiros períodos de La Tène, que compreende um importante povoado fortificado e vários túmulos. Entre eles a Tumba de Vix, também conhecido como o túmulo da Dama de Vix, de cerca de 500 AC. Sua sepultura nunca havia sido saqueada e continha extraordinárias oferendas, conhecida como Trésor de Vix, incluindo uma grande quantidade de jóias e o krater Vix, o maior vaso de metal da antiguidade, tendo 1,63 m

Entre as jóias encontraram um torc de 480 gramas de ouro 24 quilates, um torque de bronze, seis fíbulas, seis pulseiras de ardósia, além de sete pulseira feitas de esferas de âmbar.

As jóias em ouro e prata faziam também parte dos adornos masculinos e femininos dos lusitanos, tendo sido encontrados em diversos lugares da região de entre Tejo e Douro.

Para saber mais: 



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Caetra


A caetra era um pequeno escudo de dois pés de diâmetro que se manejava com a mão esquerda, era feito de madeira, couro, nervos trançados, bronze ou ferro, ficava suspenso por correias que eram manejadas habilmente para se defenderem dos dardos. Era decorado com o desenho de um labirinto, que se supõe ter sido um símbolo ou emblema étnico de reconhecimento entre os lusitanos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

QUANGEIO, QUANGEIUS e/ou KUANIKIO


Deus criador, da fertilidade, dos campos e protector dos animais. É o terceiro Deus mais importante dos Lusitanos.



Apesar de nenhum dos estudos efectuados sugerirem a natureza e/ou actuação da divindade. Esta é uma das divindades Galaico – Lusitanas que possuem mais registos votivos. 


Instrumentos musicais populares portugueses


Os instrumentos musicais populares portugueses pertencem à tradição organológica europeia. Para a sua descrição, de acordo com a classificação de C. Sachs e Hornbostel, todas as espécies existentes estão agrupadas em quatro categorias, conforme a natureza do elemento vibratório.

Membranofones

Adufe
Os tambores portugueses são de um tipo comum. Bimembranofones de caixa de ressonância cilíndrica, e de peles tensas por meio de cordas ou parafusos que apoiados em aros esticam uniformemente as duas peles.

Bombos - Podem ter até cerca de 80 cm de diâmetro. São tocados na vertical, geralmente só numa das peles com uma masseta. Não têm bordões nas peles o que lhes dá uma sonoridade profunda e são mais tocados no Centro.

Adufe - Bimembranofone de forma quadrangular. As peles são cosidas entre si e no seu interior são colocadas sementes, grãos de milho ou pequenas soalhas, a fim de enriquecer a sonoridade.

Caixa e Tamboril - A Caixa é tocada com duas baquetas em posição horizontal. Sobre a pele inferior tem geralmente um ou mais bordões, geralmente feitos de tripa. O tamboril caracteriza-se pelo fuste cilíndrico alongado e pela existência de bordões em ambas as peles. É tocado juntamente com flauta e percutido por uma só baqueta.

Sarronca - É um membranofone de fricção composto de um reservatório, geralmente uma bilha, que serve de caixa de ressonância, cuja boca é tapada com uma pele esticada que vibra quando se fricciona um pequeno pau ou cana preso por uma das pontas no seu centro.

Cordofones

Viola da terra ou de arame
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é uma corda ou mais cordas esticadas.

Viola Toeira - Também conhecida por viola de Coimbra, região onde durante muito tempo animou festas e romarias, a viola toeira é uma das 6 violas tradicionais portuguesas. É hoje uma espécie já completamente extinta, semelhante à viola braguesa em dimensões. Tem a abertura central sempre em forma oval deitada. No entanto, tem doze cordas, organizadas também em cinco ordens, sendo as três primeiras duplas e as duas últimas triplas. A viola Toeira é uma viola de arame.

Viola de Arame - São semelhantes à viola braguesa, mas de boca redonda na Madeira, e nos Açores com duas formas distintas. A de tipo micaelense com a boca em forma de dois corações, e a terceirense com a boca redonda.

Braguinha - É um tipo de cavaquinho da ilha da Madeira. É tocado de rasgado pelos grupos de bailhos que existem em algumas zonas rurais da ilha. Na cidade do Funchal aparecia integrado em tunas, dedilhado com uma palheta. Este instrumento terá sido levado para o Hawai nos fins do século passado por emigrantes madeirenses tornando-se aí um instrumento muito popular com o nome de Ukulele. Enquanto alguns dizem ser originário de Braga (cidade), o autor do Elucidário Madeirense afirma que o seu nome advém dos antigos trajes, denominados bragas que, outrora, eram usados pelos camponeses do sexo masculino do arquipélago Madeira. O seu som saltitante e alegre distingue-se dos demais instrumentos de cordas tradicionais/ populares da Madeira e Porto Santo. Instrumento de solo, (cantante ou ponteado, como vulgarmente é denominado pelo nosso povo) alegre e gracioso foi, em outros tempos, de grande estima das damas e donzelas madeirenses.

Viola Campaniça - É a maior das violas portuguesas. De enfranque muito pronunciado, tem também cinco ordens de cordas. As três primeiras duplas e as duas últimas triplas. É tocada de dedilho apenas com o dedo polegar.

Viola Braguesa - Com 5 ordens de cordas duplas metálicas. Tem a abertura central em forma de boca de raia. É tocada de rasgado, isto é, correndo todas as cordas ao mesmo tempo, ora com cinco dedos todos juntos, ou só com o polegar e o indicador. Mas os bons tocadores, ao mesmo tempo que tocam de rasgado, destacam sobre as primeiras cordas, mais agudas, a linha do canto.

Viola Amarantina - É muito semelhante à viola braguesa, tendo no entanto a boca em forma de dois corações.

Viola Beiroa - É um instrumento muito ornamentado. Além das cinco ordens de cordas, tem duas cordas mais agudas e presas a um cravelhal suplementar junto da caixa, e que eram sempre tocadas sem serem pisadas.

Cavaquinho - Da família da viola, mas de forma muito mais reduzida. Tem quatro ordens de cordas simples. Toca-se de rasgado.
Rabeca Chuleira - Espécie de violino, mas de braço muito curto e escala muito aguda, afinando urna oitava acima do violino.

Guitarra Portuguesa - A guitarra portuguesa é um instrumento de grande importância na música tradicional de Portugal. De corpo piriforme tem seis ordens duplas, é tocado com uma técnica especial em que o tocador usa unhas postiças para poder tirar melhor sonoridade do instrumento.

Violão - Com seis ordens de cordas simples serve de acompanhamento à guitarra portuguesa ou à viola nos grupos das rusgas e chulas minhotas.

Idiofones


Juntamente com os instrumentos mais importantes existem outros, geralmente idiofones que têm funções diversas, e que segundo Ernesto Veiga de Oliveira são divididos nas seguintes categorias:

- Instrumentos para marcar o ritmo e acompanhar a dança:
Castanholas, Ferrinhos, Bilha com Abano, Reque-reque

- Instrumentos da Semana Santa, Carnaval, Serração da Velha, etc:
Matracas, Zaclitracs

- Instrumentos próprios de certas profissões e modos de vida, para avisar por exemplo o começo de determinados trabalhos:
Gaita de Amolador, Cornetas, Assobios de Caça, Cornos, Búzios

- Instrumentos de passatempo individual:
Ocarina, Harmónica de Boca, Gaitas de Palhas

Aerofones

Gaita de fole galega
Trata-se dos instrumentos cujo elemento vibratório é o ar accionado de modo especial pelo instrumento.

Gaita de Fole - É um aerofone composto por dois tubos ligados a um saco feito de pele de cabrito. Um dos tubos é cilíndrico e composto por três secções tendo na extremidade uma palheta simples de cana, produzindo sempre a mesma nota. É o chamado bordão ou roncão. O outro tubo mais pequeno é de secção cónica com oito orifícios, de palheta dupla e toca a melodia. O fole cheio de ar através de um outro pequeno tubo munido de uma válvula, é pressionado pelo braço o tocador, obrigando o ar a sair, pondo as palhetas a vibrar.

Palheta - É um instrumento de palheta dupla, tipo oboé. O tubo melódico tem cinco orifícios, e termina em forma de campanula.

Flauta - Existem três tipos de flautas: a) as de tamborileiro, que são de bisel, com corpo cilíndrico ou ligeiramente cónico e com três furos. São executadas simultaneamente com um tambor, conhecido vulgarmente por tamboril; b) a flauta de bisel, geralmente feita de cana e sabugueiro. É usada no Minho e no Douro. e Algarve, c) a flauta travessa geralmente feita de cana na faixa ocidental do país no Minho, Estremadura e Algarve, e de sabugueiro no interior, nomeadamente na Beira Baixa. Tem seis furos além do insuflador. No Entre-Douro-e-Minho, ocasionalmente surgem exemplares construídos em buxo torneado e desmontáveis em três peças, similares às de construção galega.

Concertina - É um aerofone de palhetas livres que são accionadas por meio de um fole que une os dois teclados (um do lado direito com 1,2ou 3 carreiras e um do lado esquerdo geralmente com 2 carreiras).


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Máscara em cortiça de Salsas



 Fotografada para o livro "Máscaras em Portugal".

Dia dos namorados . Dia de S.Valentim



Saiba que Dia dos Namorados foi inventado pela Igreja Católica para acabar com uma antiga festa pagã?
Embora hoje em dia seja uma das celebrações mais consumistas e com mais benefícios para muitas lojas, mas Dia de São Valentim, como sinónimo de Dia dos Namorados começou a ser celebrado quinze séculos atrás, especificamente no ano de 494 dC, sendo auspiciado pelo Papa Gelásio I , que deu o passo de realizar um feriado católico em 14 de Fevereiro, a fim de eliminar e proibir a festa pagã de Lupercalia que era comemorada na Roma antiga a cada 15 de Fevereiro, em honra Lupercus, protector dos pastores e seus rebanhos e como um tributo ao lobo que amamentou os gémeos Rômulo e Remo (destinados a fundar Roma de acordo com lendas antigas).
Desde o século IV se foram eliminando gradualmente todas as celebrações pagãs, sendo substituídas ou convertidas noutras de carácter religiosos.
Gelásio I necessitaria sobrepor outra festa á celebração de Lupercalia, por isso escolheu o Santo que calhava um dia antes e que havia (supostamente) vivido dois séculos antes: 'São Velentim'.
Não, era claro quem era esse santo que veio para preencher este feriado importante pagã, mas em torno dele foram criadas inúmeras lendas (a maioria desmentidas no curso dos séculos), indicando que Valentim era um médico romano que decidiu tornar-se cristão e ordenar-se sacerdote, e como tal oficiou como um elevado número de casamentos entre jovens amantes. O problema era que, naquela época (ano 270 dC), os soldados não podiam casar-se, mas muitos eram aqueles que queriam fazer para se juntar a seus entes queridos. De acordo com a lenda, o imperador romano Claudius II descobriu que ele o estava fazendo e pediu que executassem Valentim, tornando-se um mártir religioso e referência para todos os amantes.
Pelo menos esta é a história que espalhou a Igreja Católica para instaurar, a partir do ano 494 dC, a celebração do Dia dos namorados na festividade de São Valentim, e assim apagar de vez com a festa pagã de Lupercalia .
E como festa religiosa foi celebrada ao longo dos próximos quinze séculos (até 1969), o ano em que o pontificado de Paulo VI Igreja Católica decidiu retirar São Valentim como festival de calendário pós-conciliar (acordado no Vaticano II) passando a ser esta data com santo mas sem celebração.
Mas então naquela época o marketing de São Valentim como a data do Dia dos Namorados já estava totalmente introduzida na sociedade de consumo.
Como nota curiosa, indicam que o primeiro registo que existe na comercialização desta data está apontado para a americana Esther A. Howland como precursora de venda de cartões de presente com padrões românticos e desenhos de amantes concebidos e realizados em meados da década de 1840, vendendo por tostões na livraria administrada por seu pai em Worcester (Massachusetts) e que se tornou um sucesso.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Bandua

Bandua era um termo usado para fazer referência a uma deusa ou deus cujo culto ocorria na Ibéria por galaicos e lusitanos. Se o nome se refere a uma divindade específica ou foi um epíteto aplicado a várias deidades diferentes é algo questionável. Seria uma das principais Divindades da Lusitânia, amplamente venerada por  Galaicos e por Lusitanos, seria uma Força Bélica protectora do grupo, dos clãs, ou de um corpo de guerreiros de elite.

Pátera dedicada a Bandua
A pátera dedicada a este deus, na qual aparece o nome BAND ARAUGEL e ao meio tem uma figura aparentemente feminina e quatro altares, três deles acesos. Gera um grande quebra-cabeças, porque a imagem parece de facto feminina, mas Bandua parece ser do género masculino. Diversos autores têm-se debruçado sobre isto, argumentando uns que haveria um Bandu e uma Bandua, outros que a imagem feminina não representa Bandua mas sim uma adoradora de Bandua (porque os Lusitanos eventualmente não usariam imagens de Deuses), outros ainda dizem que a figura é de género indefinido e que isso expressa o carácter puramente abstracto de Bandua, que não teria género sexual. Mas há mais... Pode ter-se aí tratado de uma maneira romana de expressar a natureza de uma Divindade que não compreendiam e como Bandua seria em primeiro lugar uma força protectora do Povo, e do castro, acharam que Bandua seria equivalente à latina Fortuna, que é a grega Tyche, Divindades protectoras, daí a torre na cabeça que se pode ver na imagem.

Uma peça em marfim que foi encontrada num acampamento romano na Galiza e que pode representar o Deus Bandua, por ter uma espécie de cordas ao peito, que seriam alusão à capacidade de prender que Bandua teria.
A banda de folk/black metal, Azagatel, tem um tema dedicado a este deus, o qual se pode encontrar no seu excelente trabalho Lux-Citanea. Para saber mais clique aqui.