Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Pauliteiros de Miranda - Origens


A origem da dança dos pauliteiros não recebe unanimidade dos estudiosos que sobre ela se debruçaram. O P.e João Manuel de Almeida Morais Pessanha e outros autores atribuem a sua origem à clássica dança pírrica, guerreira por excelência. A dança mirandesa dos paulitos teria origem na dança pírrica dos Gregos mas manifesta também vestígios de danças populares do sul de França e na dança das espadas dos Suíços na idade média. Os romanos seriam os responsáveis pela propagação da dança pírrica a esta região.

O Dr. José Leite de Vasconcelos não aceita esta teoria justificando que a dança introduzida em Roma e depois espalhada pelo império nada tinha em comum com a dança pírrica.

Na dança pírrica, os dançantes, com armas e escudos de pau, simulavam o ataque a a defesa na batalha, usavam túnicas vermelhas, cinturões guarnecidos de aço e os capacetes dos músicos eram emplumados. Os bailadores colocavam-se em duas filas e dançavam ao som de flauta.


O abade de Baçal vê muitas semelhanças entre esta dança e a dança dos pauliteiros tais como a substituição das túnicas pelas saias, o escudo pelo lenço sobre os ombros, os chapéus enfeitados e e a utilização da flauta pastoril. A própria evolução da dança, parece ter muitas semelhanças, com várias partes, perseguição, luta, saltos e a dança da vitória. Algumas das mais famosas danças retractam bem essas semelhanças como seja o Salto do Castelo (saltos) e o vinte cinco de roda (dança da vitória).

Em Espanha, a danza de palos, é dançada da Galiza à Estremadura. Segundo o folclorista e musicólogo espanhol Dr. Garcia Matos teria origem na dança da fertilidade. Outros autores espanhóis dizem que a dança é de origem medieval.
O sr. P.e Mourinho concluiu que: trata-se de uma dança comum à Península Ibérica; que há nela tradições militares dos povos autóctones, dos greco-romanos, medievais e outras; embora possa ter existido anteriormente terá vindo com o repovoadores do reino de Leão.

Nas danças, an Pertugal,
Nun sodes bós Is pormeiros?
Fazeis Marabilhas nos lhaços
Que outros chaman "Pauliteiros"!

Furun Is Celtas quien pormeiro,
Antes de serdes cristanos,
Troixe la gaita i las danças
De palicos nas dues manos.

Anquanto la gaita toca,
Caixa i bombo repenican,
Dançadores anfeitados
Passaiges d´la bida imitan.

I esses trajos tan pimpones
I esses palicos nas manos
Lhembran tamien qualquier cousa
Guerreiros griêgos, romanos...

Tamien nos bailes antigos,
Cun moços i cum mocicas
I anté cun biêlhos i biêlhas
Beilais cousas tan bonitas!
José Francisco Fernandes
in "Miranda Yê La Mie Tiêrra"


Desde tempos imemoriais, certamente pré-cristãos, os Pauliteiros Mirandeses de Palaçoulo têm actuado anualmente na festa local de celebração das colheitas, num dia festivo de Setembro, há muitos séculos dedicado a Santa Bárbara, como protectora contra as trovoadas, coriscos e outras intempéries susceptíveis de destruírem as culturas.

O Cerimonial daquele dia festivo de Setembro corresponde a um ritual e a um simbolismo deveras curioso.

Mas novos tempos vieram perturbar, a partir dos anos quarenta, a manutenção desta incalculável riqueza de carácter folclórico e etnográfico. Foi assim que, depois de 30 anos de esmorecimento e interrupção, esta preciosa tradição foi reactivada em 1978, pela recém-criada Associação Cultural de Palaçoulo, que assumiu, a par de outras expressões da cultura popular local, como o apreciado falar mirandês.

A partir de então, nunca mais os Pauliteiros Mirandeses de Palaçoulo deixaram de actuar na festa anual de Santa Barbara e têm sido portadores da mesma mensagem do seu folclore até muitas localidades do País, assim como, algumas vezes, também no estrangeiro.

São danças masculinas, viris, de origem fundamentalmente guerreira, mas também constituem celebrações de carácter agrícola, pastoril, familiar, lendário e outras. Remontam às antiquíssimas danças das espadas, de origem indo-europeia, possivelmente trazidas pelos Celtas para estas terras mirandesas, onde se conservam até ao presente.

http://www.bragancanet.pt/pauliteiros/palacoul.htm

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