Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Azagatel / Lux-Citanea


Azagatel nasceu em Setembro de 1995 com Hrödulf (Voz), Nomad (Guitarra), Tó Zé (Guitarra), Batata (Baixo) and Sú (Bateria) e deram o seu 1º concerto no bar local em Dezembro de 1996. Após algumas mudanças no line-up começaram a trabalhar no seu demo-cd "Middle Earth" com o seguinte line-up: Hrödulf (Vocals), Nomad (Guitar), Marco (Bass), Zé Leão (Keyboards) and Greendevil (Drums). Em 2000 o demo-cd foi lançado.
No inicio de 2001 Morte entrou para guitarrista e começaram a compor o album Nautilus. Após 2 anos, em 2003 Nautilus foi lançado e em 2004 Caos X entrou para baixista. Vários concertos aconteceram antes de gravaram o EP Horned God em inicios de 2005. Após a gravação ouve mais problemas de line-up , e Greendevil abandonou em 2007. No inicio de 2008 saiu uma split tape com Dagor Dagorath chamada Olokun e limitada a 150 cópias, pela Nekrogoat Heresy.
Em 2009 encontraram um novo baterista e começaram a escrever novas músicas...


 Finalmente os Azagatel estão de regresso com um álbum de longa duração, o primeiro desde o Nautilus de 2001. Se é verdade que a banda não esteve parada este tempo todo, também é verdade que os pouco mais de 20 minutos de música que em conjunto que nos deram o EP The Horned God em 2005 e o split Olokun com os Dagor Dagorath em 2008 souberam a pouco. Nesta que é das poucas bandas a explorar a sonoridade folk em Portugal, destaque para os temas na nossa língua materna neste novo álbum. Com uma sonoridade que remete nalguns pontos para Gwydion e primórdios de Moonspell, os Azagatel começam a criar uma sonoridade própria e mostram que os anos só serviram para amadurecer a banda.


 Lux-Citanea começa com Endovellico, a primeira de três músicas em português. O início do tema vai alternando entre um coro clamando “Endovélico” e partes de Black Metal cantado em português, com uma letra muito bem conseguida, que fala deste Deus da mitologia lusitana. Com uma sonoridade que impõe respeito e cheira a passado, destaca-se o gutural poderoso do Hrödulf e uma produção que permite ouvir bem todos os instrumentos. O toque Folk é dado ao tema pouco antes dos 3 minutos, com uma bela melodia de violino e guitarra semi-acústica a acompanhar uma citação em latim.


 Segue-se Lucifer, com um excelente ritmo imposto pelas guitarras no início da música, mais uma vez acompanhado por um gutural imaculado. Sendo um tema mais genérico e sem grandes riscos, não deixa de ser bastante agradável de ouvir, mantendo o espírito solene e de respeito pelo legado histórico. Uma entrada acústica, na qual entra logo de seguida um acordeão, marca o início de Nabia Corona, mais um tema em português e um dos melhores de Lux-Citanea. O refrão com voz feminina e masculina limpa é uma novidade que soa fresca e é bem recebida pelo ouvinte, dando uma melodia mágica à música. Os dois minutos finais contam com mais acordeão e um pequeno cântico trauteado, numa música mais folk e calma que as anteriores.

The Oath Of The Oak é talvez a faixa mais fraca de todo o Lux-Citanea. Não é má, mas é bastante simples e igual a muita coisa que já se ouviu, não trazendo nada de novo a este registo. Felizmente, é também o segundo tema mais curto. No entanto, os Azagatel recuperam o interesse do ouvinte com Viriathus, que abre com a declamação do poema Viriato de Fernando Pessoa, primeiro com voz limpa e acabando em gutural. O resto do tema desenrola-se com um ritmo empolgante e conta com um refrão excelente para entoar ao vivo: “Heya, heya, Luxcitanea!”. A única coisa que peca a meu ver é a duração do mesmo: não sei porquê, estes quase 5 minutos souberam-me a pouco, dava a sensação que estava aqui bom material para criar um épico de maior duração, com uma passagem instrumental pelo meio.

Bandue é o tema mais curto do álbum, e apesar de mais interessante que o The Oath Of The Oak, é mais um tema maioritariamente genérico, que é salvo pelo minuto final, explosivo e furioso, a passagem mais pesada e black de todo o disco. O último tema original do CD é também o melhor. Ibéria tem de tudo um pouco, começando com uma entrada acústica melódica acompanhada de acordeão. O tema vai progredindo, tanto a nível instrumental como vocal, enquanto é cantado o orgulho pela grande Ibéria e o seu povo. Com o aumentar do ritmo, chegamos a um riff empolgante, a lembrar um cavalgada, algo semelhante ao riff de entrada do tema For A Piece Of Heaven da demo de estreia dos Azagatel. A parte final do tema conta com uma atitude mais altiva e poderosa, dando um toque bélico e de orgulho patriota. A fechar, a cover do tema The Crown dos Samael, que não se enquadrando na temática lírica do resto do álbum, acaba por encaixar bem a nível instrumental, e não sendo uma cover genial, é um tributo agradável a uma banda que merece o respeito de todos.

Membros

Rodolfo “Hrödulf” Ferreira – Voz
Filipe Ferreira – Guitarra
Nelson Lomba – Guitarra
João Costa – Baixo
Oannyel “Green Devil” – Bateria

Convidados
Ana Cristina Santos – Acordeão
Carla Rosete – Voz feminina

Alinhamento

1.Endovellico
2.Lucifer (The Bringer Of Light)
3.Nabia Corona
4.The Oath Of The Oak
5.Viriathus
6.Bandue
7.Ibéria

Os Azagatel repetem com Lux-Citanea o êxito dos trabalhos anteriores e voltam a dar algo novo ao Metal nacional. Num registo que tem as suas imperfeições, destaca-se uma banda bem madura e que não vai em cantigas e “mariquices”. Gostando-se ou não, nota-se profissionalismo, seriedade e dedicação em cada um dos temas. A nível vocal e instrumental, nada a apontar, além do facto de ficar a sensação que se poderia ter arriscado mais nas guitarras e bateria; qualidade nos músicos não faltava. Termino a análise a este álbum num apelo aos portugueses para que, nestes tempos de crise, não se esqueçam de quem fomos e das nossas raízes, e que delas retirem os ensinamentos e força para enfrentar os tiranos falsos no poder. Roubando a frase do booklet deste álbum, “os povos são como as árvores, sem as suas raízes não crescem…”.

Fontes:

Dando como exemplo o Renascimento e a Revolução industrial, dois dos mais importantes marcos históricos que mudaram o estado do mundo, fazendo com que a humanidade pulasse para uma nova época, sempre mais evoluída e esclarecida que a transacta, não demoraram dias nem anos a surgir, mas sim séculos. Quanto tempo pensam que o estado actual do mundo, a sociedade tal como a conhecemos, vai permanecer? Eu aposto em três séculos! No entanto é com imenso orgulho e satisfação que faço parte do embrião do movimento que irá mudar o estado das coisas. Acreditando realmente que o mundo entrará numa nova época em que os lideres mundiais serão mais compassivos e justos, assim como mais esclarecidos espiritualmente e que os povos terão uma abordagem mais pacifica e harmoniosa para com a mãe natureza. O processo vai ser lento e demorado mas pelos deuses que já começou. Para que tal aconteça os povos e as gentes, aqueles que sempre fizeram a mudança ou a diferença têm de regressar às suas origens mais remotas, despindo-se das crenças e preconceitos milenares vigentes hoje em dia. Dizem que a missão de Portugal é salvar o mundo, pois eu acredito que iremos ser o primeiro dos povos a regressar a casa, dando mais uma vez o exemplo ao mesmo. Eu participo neste movimento através da escrita e do artesanato, mas penso que não há nada mais contagiante que a força da música. Obrigado Azagatel! Um grande bem-haja! Há muito que esperava ver um álbum com um alinhamento semelhante ao vosso. Continuem e felicidades para os futuros projectos! Viva à Alma Lusitana! Endovellico!!!

Esta é também a máxima do Lusitaniae Castrum:
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

Ricardo Alves

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